Além de Marina Silva, receberam o Campeões da Terra de 2007: o ex-vice presidente dos Estados Unidos, Al Gore; o príncipe Hassan Bin Talal, da Jordânia; Jacques Rogge, do Comitê Olímpico Internacional; Cherif Rahmani, da Argélia; Elisea "Bebet" Gillera Gozun, das Filipinas; e, Viveka Bohn, da Suécia.
Simbolizado por uma escultura de metal reciclado, assinada pelo queniano Kioko - que representa os quatro elementos fundamentais à vida: sol, ar, terra e água -, o Campeões da Terra contempla pessoas que tenham contribuído significativa e reconhecidamente na proteção e gestão sustentável do meio ambiente e dos recursos naturais. A atuação de Marina Silva na proteção da Amazônia, nos últimos quatro anos, e a queda estimada de mais de 50% na taxa do desmatamento da região entre 2005 e 2006, foram fundamentais na decisão do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) de lhe homenagear.
A ministra inaugurou um novo modelo de gestão ambiental, buscando o envolvimento de diferentes setores de governo e da sociedade na busca de soluções para problemas de meio ambiente. Defendeu a cooperação entre os ministérios e governos estaduais, o que revelou a capacidade do Estado e da sociedade em dar respostas aos desafios de conservação atuais. Assim, várias propostas da sociedade foram transformadas em instrumentos de política ambiental, como o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia e a Política Nacional para o Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais.
No Senado, sua atuação foi marcada pela luta para a preservação das florestas, proteção dos direitos das comunidades tradicionais e inclusão social. Foi ela quem apresentou o primeiro projeto de lei para regular o acesso aos recursos genéticos. O trabalho da ministra na implementação da CDB, cujos objetivos são a promoção da conservação, do uso sustentável e da repartição de benefícios gerados a partir da biodiversidade, também influenciou na escolha de seu nome como um dos Campeões da Terra deste ano.
"Se queremos moldar uma nova parceria entre a humanidade e o meio ambiente natural, do qual nossas vidas dependem em última análise, precisamos de líderes, de campeões da terra na vida pública, nos negócios e em nossas comunidades", disse o subsecretário da Organização das Nações Unidas (ONU) e diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner, durante a cerimônia. Ele destacou a origem distinta de cada um dos ganhadores, salientando: "São de diferentes lugares do planeta, mas partilham de objetivos e valores. Especificamente, rejeitam o status quo, persistem quando outros falham e, deliberadamente, buscam oportunidades de promover formas mais inteligentes de gerenciar o desenvolvimento, que equilibram as realidades econômicas, sociais e ambientais do século XXI". O prêmio existe desde 2004 e, em edições anteriores, contemplou o ex-presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev; o povo da África do Sul e sua presidenta, Thabo Mbeki; e a ex-vice presidente do Irã, Massoumeh Ebtekar.
Perfil
Do seringal, de onde saiu aos 16 anos, até o Ministério do Meio Ambiente, cargo que ocupa atualmente, Marina Silva percorreu um longo caminho. Viveu na floresta amazônica, onde nasceu em 1958, num seringal no interior do Acre. Aos 16 anos, foi morar na capital do estado, Rio Branco. Alfabetizou-se aos 17. Foi empregada doméstica e costureira. Aos 26, conquistou o diploma de Bacharel em História pela Universidade Federal do Acre.
Antes mesmo de formada, iniciou a militância. Em 1984, participou da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Acre e foi a primeira vice-coordenadora da entidade, ao lado de Chico Mendes. Um ano depois, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores. Participou das Comunidades Eclesiais de Base, de movimentos de bairro e do movimento dos seringueiros. Apenas três anos depois, elegeu-se a vereadora mais votada da Câmara Municipal de Rio Branco. Outros dois anos bastaram para tornar-se a deputada estadual mais votada do Acre.
Marina Silva foi a mais jovem parlamentar a ocupar uma vaga no Senado Federal na República. Com 36 anos, foi eleita a primeira vez, em 1994. Foi reeleita em 2002. Como senadora, foi vice-presidente da Comissão Especial do Congresso de Combate à Pobreza, criada a partir de uma proposta sua, vice-presidente da Comissão de Assuntos Sociais e membro titular da Comissão de Educação. Em 1999, foi líder da bancada do PT e do Bloco de Oposição. Durante sua legislatura, apresentou diversos projetos, como o que disciplina o acesso aos recursos da biodiversidade brasileira e ao conhecimento das populações tradicionais.
Propôs ainda a criação da reserva de 2% do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal para os estados que tenham, em seus territórios, unidades de conservação federais e terras indígenas demarcadas. Defendeu, também por meio de um projeto, uma nova estrutura para o orçamento para garantir que verbas destinadas a gastos sociais sejam efetivamente aplicadas nesses setores. Considerada uma dos 100 parlamentares mais influentes do Congresso Nacional, teve sua biografia publicada no Brasil e no exterior.
Em 2003, afastou-se do Senado para assumir o cargo de ministra de estado do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Deixava a defesa do meio ambiente no Poder Legislativo para defender as questões ambientais no Poder Executivo. Sua atuação, entre 2003 e 2006, inaugurou um novo modelo de gestão ambiental, que conta com a participação de diferentes setores do governo federal e da sociedade. Foi a partir desse modelo que surgiu o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento, em 2004. Resultado do trabalho de 13 ministérios coordenados pela Casa Civil, o plano foi definidor na redução estimada de mais de 50% na taxa de desmatamento da Amazônia entre 2004-2005 e 2005-2006. Em 2007, Marina Silva dá continuidade aos trabalhos no ministério, com o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A ministra recebeu diversos prêmios no Brasil e no exterior. Entre eles, estão:
- Prêmio Goldmann de Meio Ambiente, como representante das Américas do Sul e Central São Francisco/EUA (1996);
- Homenagem a "25 Mulheres em Ação no Mundo pela Vida na Terra", do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - ONU, Nova York/EUA, (1997);
- Premio al Desarrollo Sostenible 2003 Fundacion Ecologia y Desarrollo, Barcelona/Espanha (2003);
- Prêmio "Imprensa Estrangeira 2003" Associação dos Correspondentes de Imprensa Estrangeira no Brasil, Rio de Janeiro/RJ (2003);
- Prêmio Mulheres Mais Influentes Forbes Brasil Revista Forbes Brasil (2006).
Além disso, seu nome constou na lista de Jovens de Futuro no Mundo, em 1995, elaborada pela revista Time (Nova Iorque/ EUA). Também foi escolhida Mulher do Ano, em 1997, pela revista Miss Magazine (Washington/EUA).
Marina Silva é casada com Fábio Vaz de Lima e tem quatro filhos: Shalom, Danilo, Moara e Mayara.
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