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Autoridades latino-americanas debatem desertificação na República Dominicana

No encontro, serão debatidas estratégias a serem adotadas pelos países latino-americanos nos próximos 10 anos para o controle da degradação do solo e da desertificação, fenômenos que provocam pobreza, perda de biodiversidade e aquecimento global.
Publicado: Segunda, 09 Abril 2007 21:00 Última modificação: Segunda, 09 Abril 2007 21:00

Rafael Imolene

Autoridades latino-americanas de combate à desertificação e degradação do solo se reúnem a partir desta quarta-feira (11), em São Domingos, capital da República Dominicana, para debater as estratégias a serem adotadas pelos próximos 10 anos no controle desses fenômenos que provocam pobreza, perda de biodiversidade e aquecimento global. O encontro contará com a presença de três líderes de blocos regionais - um brasileiro, um cubano e um chileno - e se estenderá durante o restante da semana.

A reunião dos latino-americanos, que compõem um grupo de trabalho internacional, é uma preparatória para tomada de posições do continente que serão levadas ao encontro mundial de autoridades de combate à desertificação, entre os dias 25 e 28 deste mês, na Namíbia, país localizado ao Sul da África. Nas duas ocasiões, tanto na República Dominicana quanto na Namíbia, o Brasil será representado pelo coordenador-técnico do Programa de Combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente, José Roberto Lima.

O relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) semana passada, na Bélgica, deverá gerar uma maior atenção da opinião pública mundial sobre o tema, segundo avaliação de José Roberto Lima. A desertificação é uma via de mão dupla em relação ao aquecimento global. Ao mesmo tempo que ela é uma conseqüência das mudanças climáticas, também aumenta o calor do planeta, afirma.

Ainda de acordo com José Roberto Lima, as novas constatações do Painel deverão nivelar em importância a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD, na sigla em inglês) com outras duas Convenções de maior destaque da ONU na área ambiental: sobre Mudanças Climáticas e sobre Diversidade Biológica. As evidências têm revelado que, à medida em que avançam os trabalhos científicos, mais se inter-relacionam as três convenções.

Os quatro dias de reuniões e debates na Namíbia servirão para referendar a necessidade de aplicação dos Programas Nacionais de Combate à Desertificação (PAN) apresentados por países do mundo todo durante a 5ª Sessão do Cric (Comitê de Revisão da Implementação da UNCCD), realizada de 12 a 21 de março em Buenos Aires.


PAN - O quadro atual da desertificação dá mostras de que a aplicação imediata dos PAN são uma alternativa para evitar migrações maciças de populações e a disseminação da fome. No mundo, as regiões áridas, semi-áridas e subúmidas secas representam quase um terço da superfície terrestre, abrigam 1 bilhão de seres humanos e são responsáveis por 22% da produção mundial de alimentos. A falta de água para consumo humano, por exemplo, será um dos maiores problemas deste século e possui relação direta com a desertificação e o aquecimento global.

No Brasil, as áreas suscetíveis à desertificação abrangem 1.488 municípios dos nove estados do Nordeste, além de Minas Gerais e do Espírito Santo. No total, ocupam uma área de 1.338.076 quilômetros quadrados, equivalente a 15,7% do território nacional, onde vivem 32 milhões de pessoas, ou 18,6% da população brasileira. Metade desses municípios detêm os piores índices de desenvolvimento humano do País.


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