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Programa Água Doce garante renda à comunidade do Rio Grande do Norte

Publicado: Segunda, 02 Abril 2007 21:00 Última modificação: Segunda, 02 Abril 2007 21:00

Rafael Imolene

Três dias após o lançamento da primeira Unidade Demonstrativa do Programa Água Doce, a comunidade de Caatinga Grande já obteve sua primeira renda com a venda das tilápias rosas criadas em seus tanques. A comercialização de 718 quilos do peixe garantiu ao vilarejo a quantia de R$ 2.462, dos quais 50% serão aplicados no fundo de reserva para manter a criação. Mesmo tendo como finalidade primordial fornecer água potável às populações difusas que habitam o semi-árido brasileiro, o programa também gera renda aos beneficiados, assegurando o desenvolvimento sustentável na região.

Unidade Demonstrativa é o nome dado a um complexo produtivo baseado em dessalinizadores. A água subterrânea, muito salina, é retirada e tratada pelo equipamento. Assim, se torna própria para o consumo humano, melhorando as condições de saúde da população. O sal armazenado na água restante é depositado em viveiros com as tilápias rosas, peixe que se desenvolve em meios salobres. O passo seguinte consiste em aproveitar o efluente dessa criação, enriquecido em matéria orgânica, para irrigar a erva-sal, por sua vez utilizada na produção de feno. Também enriquecido de nutrientes da erva-sal, o feno servirá para alimentar ovinos e caprinos.

A primeira unidade foi inaugurada no dia 30 de março, em Caatinga Grande, vilarejo do município potiguar de São José do Seridó. A retirada e venda dos peixes ocorreu três dias depois, em 02 de abril. O processo foi possível porque um dos tanques já estava abastecido com as tilápias desde outubro de 2006. Como o ciclo da espécie é de seis meses, o peixe já havia atingido seu tamanho para consumo, de aproximadamente 600 gramas. Outro tanque foi povoado em janeiro e deverá estar pronto para o despesca em julho. Na aqüicultura, o termo despesca é utilizado para definir a operação de retirada do peixe quando ele atinge o tamanho comercial.

Mais de mil tilápias foram comercializadas nesta primeira etapa. Um comerciante de São João do Seridó pagou R$ 4 por quilo e ficou com 200 quilos. Outro, de Jardim do Seridó, levou 347 quilos, negociados a R$ 3,80 o quilo. O que sobrou acabou arrematado por moradores de Caatinga Grande, que desembolsaram R$ 2 por cada quilo do pescado. Comerciantes de Natal e de outros municípios interessados nas tilápias terão de esperar a próxima remessa, dentro de três meses. Utilizando os dois tanques, teremos quatro retiradas de peixe por ano, afirma o pesquisador da Embrapa Semi-Árido, Everaldo Rocha Porto.

Dos R$ 2.462 arrecadados, metade será aplicada em um fundo da comunidade. O dinheiro poderá ser utilizado dentro de quatro anos, quando cessa a ajuda financeira da Fundação Banco do Brasil, do BNDES e do Ministério do Meio Ambiente, principais responsáveis pela implantação do Programa Água Doce. A cada ano, a partir de 2008, haverá uma redução gradual de valores, para que as unidades se tornem auto-sustentáveis. A outra metade foi dividida em duas partes iguais entre associações de moradores e como um incentivo aos tratadores das tilápias.

A inauguração da primeira Unidade Demonstrativa reuniu cerca de 300 pessoas em Caatinga Grande. Na ocasião foi assinado um acordo de gestão para criar e comercializar os peixes, permitindo a venda e a partilha desta primeira despesca. Assinaram o documento o secretário de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, João Bosco Senra, o vice-governador e Secretário do Meio Ambiente do Rio Grande do Norte, Iberê Ferreira de Souza, e o presidente da Fundação Banco do Brasil, Jacques de Oliveira Pena. Também assinaram o prefeito de São José do Seridó, João Lázaro Dantas, e um representante da Comunidade de Caatinga Grande, Francisco das Chagas Azevedo.

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