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Lula renova compromisso de desenvolvimento econômico com sustentabilidade

Assunto foi tratato pelo presidente, em reunião, nesta segunda-feira, com o diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, que na visita esteve acompanhado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva
Publicado: Domingo, 04 Março 2007 21:00 Última modificação: Domingo, 04 Março 2007 21:00

Rubens Júnior

O presidente Luís Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (05/02) que seu governo aumentará ainda mais seus esforços no sentido de integrar desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental, aprofundando uma diretriz de seu primeiro mandato. Foi o que deixou claro, em reunião, ao diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner. Steiner, que na visita esteve acompanhado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, veio ao Brasil encontrar-se com Lula, Marina e representantes do setor privado dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. Pela manhã, ele manteve reunião com a ministra e, após o encontro com Lula, embarca para as duas capitais do sudeste.

O dirigente da ONU, que reconhece no Brasil papel de liderança mundial no desenvolvimento de soluções energéticas renováveis, capaz de auxiliar outros países a mitigarem o aquecimento global, veio conhecer de perto as ações do governo brasileiro na redução de emissões dos gases causadores do efeito estufa e em outras frentes. Para Steiner, com as soluções implementadas no País, como os programas do Etanol, do Biodiesel, o combate ao desmatamento ilegal na Amazônia, entre outras, o Brasil tem muito a contribuir com outros países numa questão que é uma causa e diz respeito a toda a humanidade.

Steiner também quer que o Brasil seja sede, neste ano ainda, de uma cúpula de presidentes e/ou ministros de vários países. O objetivo do encontro, que ocorreria 15 anos após a Rio 92, é incorporar em definitivo a questão ambiental como tema central da "governança mundial", como reação ao relatório recente do International Panel Climate Chance (IPCC), segundo o qual  a continuarem os níveis atuais de emissões de CO2 - a vida humana estaria ameaçada nos próximos 100 anos.

"Poucos países tiveram o sucesso do Brasil no combate ao desmatamento e às emissões de carbono. Os brasileiros reduziram em 52% o desmatamento na Amazônia, possuem uma economia biocombustível invejável, e outros países o olham como exemplo. Por esse motivo, gostaria de ver o Brasil não só como sede da cúpula mundial, mas como catalizador do processo de mobilização internacional para enfrentar as mudanças climáticas e seus efeitos", afirmou o dirigente da ONU.

"O mundo, apesar dos problemas, vive uma fase de expansão do etanol e do biodiesel. Para tal, precisamos de uma economia de produção, de mercado global e de sustentabilidade da produção, além da definição de normas e padrões para aqueles setores, por causa inclusive dos impactos na agricultura e na biodiversidade", afirmou Steiner.

Segundo o diretor-executivo do Pnuma, ainda vigora uma falta de confiança mútua dos governos em reduzir emissões de CO2. Mesmo assim, acha que o debate cresce nos Estados Unidos e na União Européia. "A paralisia dos governos é inaceitável e irracional. Precisamos destravar esse processo. Se China, EUA, União Européia, se algum deles não se voltar para as soluções energéticas limpas, outros também não vão se empenhar. Felizmente, temos bons exemplos. A Califórnia se comprometeu a reduzir em 20% as emissões até 2020. China e União Européia estão dispostas a assumir igual compromisso", falou o diretor.

Segundo Steiner, o assunto biocombustível começa a sensibilizar os países desenvolvidos, a ponto de fazer parte da agenda do encontro dos presidentes George Bush e Lula, a partir da próxima sexta-feira. Para ele, será fundamental que os países que menos mitigaram as emissões, como os EUA, estejam também à frente dos debates, inclusive para estimular países em desenvolvimento que ainda não repetiram o exemplo sustentável brasileiro.

Para Marina Silva, a realização da cúpula no Brasil ou em outro país ocorreria em momento importante por causa de uma reforma da ONU, em curso. "Seria uma oportunidade, talvez, para a criação de um organismo transnacional para lidar com os temas ambientais, que dizem respeito a todos os países, desenvolvidos ou em desenvolvimento", disse. "Em que pese nossas dificuldades, queremos contranger eticamente outros países. Mas queremos que a reunião reflita o amadurecimento dos governantes. Que eles cheguem lá com o dever de casa feito, prontos a integrar e aprofundar políticas. E, uma vez lá, estamos aptos a disseminar tecnologia e colaboração", afirmou.

Segundo a ministra, o governo brasileiro está preocupado com as mudanças climáticas desde a posse, em 2003, quando, além das políticas em andamento, encomendou oito estudos contendo a análise do clima no País e fazendo projeções para os próximos 100 anos, buscando balizar as políticas públicas na área. Tais estudos, somados a outras iniciativas sustentáveis do governo (Programa do Etanol e Biocombustível etc.), além da produção de mapas com retratos da cobertura vegetal dos biomas brasileiros, credenciam o País a liderar um plano para enfrentar o problema do aquecimento e seus efeitos, a exemplo do plano que vem sendo desenvolvido com sucesso, desde 2004, para combater o desmatamento da Amazônia.

No Brasil, o etanol compõe 17% da matriz energética do País, o que permite evitar a emissão de 90 toneladas de carbono na atmosfera. Para expandir a produção do etanol de 14 bilhões de litros para 30 milhões de litros, basta ao País estender o cultivo da cana-de-açúcar por apenas mais três milhões dos 51 milhões de hectares da "área de repouso". Ou seja, é possível mais que dobrar a produção sem ter de desmatar áreas. Hoje, 45% da matriz energética brasileira (81%, no caso da energia elétrica) é limpa.



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