O Ibama e a Polícia Federal desarticularam, hoje, uma quadrilha que desde 2004 atuava na exploração e no comércio ilegal de madeira retirada de unidades de conservação e de terras indígenas localizadas no oeste de Rondônia. Os policiais executaram nove prisões preventivas e 62 mandados de busca e apreensão autorizados para a Operação Passagem, deflagrada às 6h, surpreendendo os envolvidos enquanto dormiam. Entre os presos, seis são funcionários do Ibama e três, empresários. O grupo é encabeçado pela chefe do Escritório Regional do Ibama de Guajará-Mirim, Claudia Nunes Pires Sanches, cuja exoneração do cargo saiu publicada no Diário Oficial de hoje. Durante a operação, os policiais efetuaram três outras prisões em flagrante: uma das pessoas ocultava grande quantidade de madeira em uma chácara e outras duas portavam armas sem registro.
A quadrilha era formada por servidores públicos federais lotados no Ibama de Guajará-Mirim, em Rondônia, e empresários do setor madeireiro. Por meio de empresas fantasmas acobertadas pelos servidores envolvidos, eles compravam guias da Autorização para Transporte de Produtos Florestal (ATPF), comercializavam créditos de planos de manejo e exportavam ilegalmente madeira para a Bolívia.
A operação
A Passagem é a 14ª grande operação feita no País em parceria pelo Ibama e a PF, desde 2003. Na Amazônia, é a 12ª grande operação. Tais iniciativas integram as ações do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia. A investigação em Rondônia se deu a partir de supostas ameaças de morte a um servidor do Ibama, feitas em outubro de 2005. As ameaças teriam partido de madeireiros insatisfeitos com os resultados de uma auditoria feita por ele. A investigação apontou diversas irregularidades e crimes que teriam sido cometidos por servidores e indicava, inclusive, que 11 empresas do município de Nova Mamoré teriam sido beneficiadas. Em novembro de 2005, o relatório de auditoria foi encaminhado à Polícia Federal, que deu início às investigações que culminaram na operação de hoje.
Provas
Em junho de 2006, o monitoramento dos telefones dos supostos envolvidos confirmou as suspeitas. A inteligência policial constatou também que parte da madeira comercializada ilegalmente foi extraída das terras indígenas Lages e Ribeirão, no oeste do estado. Em agosto, foi localizado um dos locais onde a madeira ilegal era estocada. Durante as 14 operações conjuntas do Ibama e da PF foram presas 424 pessoas, sendo 106 servidores do Ibama, 19 servidores públicos de outras instituições e 299 empresários, lobistas, advogados e contadores. "A parceria com a Polícia Federal é um sucesso", afirma o presidente do Ibama, Marcus Barros. Segundo ele, a união da inteligência das duas instituições tem permitido prender corruptores e corruptos e desmontar esquemas de corrupção em funcionamento há muitos anos no País. Esse trabalho, prevê Barros, continuará produzindo resultados no combate a crimes ambientais.
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