Marluza Mattos
O Ministério do Meio Ambiente apresenta nesta semana a proposta de metodologia para a construção do Inventário Florestal Nacional. A apresentação ocorrerá durante um seminário com especialistas brasileiros e estrangeiros, em Brasília. Com o inventário, será possível identificar o potencial de produção sustentável de cada bioma brasileiro e aprofundar o conhecimento sobre as cadeias produtivas interligadas. A metodologia será validada e, posteriormente, avaliada pela Comissão Coordenadora do Programa Nacional de Florestas (Conaflor). O seminário inicia nesta segunda-feira (4) e termina na quarta-feira. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, participará da solenidade de abertura, às 10h.
Construída em 2005 sob a coordenação do ministério, a metodologia foi desenvolvida por uma comissão técnica composta por representantes de universidades e instituições de pesquisa, entre elas Embrapa e IBGE. Ela começou a ser concebida em workshop realizado em Curitiba, em outubro, com cerca de 90 estudiosos do Brasil e do exterior. As experiências de países que fazem inventários como esse há muitos anos, como Finlândia, Austrália, Estados Unidos e México, foram levadas em conta. "A metodologia estabelece que os dados sejam coletados regularmente em escala nacional. Eles serão úteis na elaboração de políticas públicas de uso e de conservação da floresta. Os diferentes setores da economia envolvidos com a área poderão planejar interveções melhores", explica o diretor do Programa Nacional de Florestas do ministério, Joberto de Freitas.
Objetivo é garantir informações estruturadas sobre a biodiversidade, sobre a biomassa de que dispõe o país, os produtos florestais e sobre como a sociedade interage com a floresta. Outra informação importante a ser produzida pelo inventário florestal será um retrato da situação das Áreas de Preservação Permanente. Isso facilitará a identificação das áreas a serem recuperadas, o planejamento de custos e de prioridades.
Equipes multidisciplinares serão responsáveis por levantamentos de campo, o que garantirá no inventário dados quanti-qualitativos. Imagens de satélite de alta resolução serão amplamente usadas. Tudo para, a cada cinco anos, acompanhar com precisão a evolução da paisagem florestal do país, periódicamente. As conseqüências práticas deste trabalho podem ser avaliadas pelo caso finlandês, que desde a década de 1920 realiza seu inventário. Nos anos 70, os finlandeses perceberam que estavam cortando mais árvores do que poderiam suportar. Com isso, o país modificou sua gestão florestal. "O inventário é uma revolução. Com ele, vamos conhecer profundamente nosso maior patrimônio", explica o diretor do Serviço Florestal Brasileiro, Tasso Azevedo. Segundo ele, o inventário será um instrumento crucial para a gestão de florestas públicas. "Estamos institucionalizando o monitoramento da floresta. Depois da Lei de Gestão de Florestas Públicas, do Prodes, do Deter e também do Detex, que está em teste e entrará em funcionamento no próximo ano, o inventário consolida o processo. Caberá ao Serviço Florestal coordená-lo e gerí-lo", explica Azevedo.
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