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COP-8 tem a missão de alertar países sobre perda de biodiversidade

Despertar os países para a necessidade de acelerar a reversão da destruição da fauna e flora do Planeta será o principal desafio da COP-8. A afirmação é do gerente de Conservação de Biodiversidade do MMA, Braúlio Ferreira de Souza.
Publicado: Quarta, 15 Fevereiro 2006 22:00 Última modificação: Quarta, 15 Fevereiro 2006 22:00

Gisele Teixeira

O principal desafio da 8ª Reunião das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8), que se realiza de 20 a 31 de março deste ano, em Curitiba, é "sacudir" os países para a necessidade de acelerar a reversão da destruição da fauna e flora do Planeta, antes que seja tarde demais. A afirmação é do gerente de Conservação de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Ferreira de Souza Dias. "Estamos em meio a um processo de extinção em massa da biodiversidade sem precedentes nos tempos recentes, e semelhante apenas ao que ocorreu há 65 milhões de anos, quando os dinossauros foram varridos da face da terra", adverte.

Segundo ele, as taxas de extinção no mundo e no Brasil estão de cem a mil vezes acima do patamar aceitável. Bráulio explica que a extinção é um fenômeno natural, mas as taxas atuais, em função das atividades humanas e pressões diretas, como exploração predatória, conversão de florestas em pastos, ou indiretas, a exemplo do efeito estufa, correm em um ritmo sem precedentes, desde a catástrofe que dizimou três quartos da vida na terra. Ele acrescenta que algumas ilhas de biodiversidade estão sendo salvas, mas que mesmo estas correm o risco de desaparecer em função de seu isolamento.

O mais grave nesse quadro, de acordo com Bráulio, é que a maioria da população e dos governos não se dá conta da gravidade da situação, principalmente por não entender o quanto o mundo depende da biodiversidade. "Não se trata apenas da perda de espécies, mas também da variabilidade genética, da qual depende metade do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, com o agronegócio, setor de florestas, de pesca, ecoturismo, entre outros, e ainda da redução dos serviços ambientais, como oferta de água", destaca.

O especialista acrescenta que os relatórios da Avaliação Ecossistêmica do Milênio, encomendados pela Organização das Nações Unidas (ONU) para mais de 1.300 pesquisadores, e divulgados em 2005, mostram que nunca se perdeu tantos ecossistemas e biodiversidade como nos últimos 50 anos. "Infelizmente, o cenário futuro é desanimador. Com a melhor das boas intenções, vamos perder ainda mais nas próximas cinco décadas", prevê. Esta perda será sentida de forma diferente por países pobres e ricos. "Quem tem dinheiro e tecnologia, sempre encontra soluções. Mas as nações menos favorecidas não terão saída", alerta.

Para mudar este cenário, uma das alternativas é mobilizar governos e sociedade para a necessidade de um esforço extra. "Se saírmos com este compromisso da COP-8 já será um grande avanço", diz Bráulio. Segundo ele, isso envolveria "mais gente, mais dinheiro, mais capacitação e mais envolvimento". Além disso, é preciso, segundo ele, de que o tema biodiversidade saia do grotão ambiental e acadêmico e seja internalizado em outros setores. "Essa é uma maneira de conseguirmos, no campo, os avanços que estamos tendo na área institucional e política", acrescenta. Embora os números não sejam animadores , Braúlio faz questão de ressaltar que houve melhoras nas áreas de planejamento, marco legal, programas de captação de recursos e criação de unidades de conservação, por exemplo.



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