Embaixadores e representantes dos países que ratificaram o Protocolo de Quioto plantaram, hoje, no Jardim Botânico de Brasília, 141 mudas de espécies nativas do Cerrado. A cerimônia simbólica, promovida pelo Ministério do Meio Ambiente, marcou a entrada em vigor do protocolo que estabelece metas para os países industrializados reduzirem as emissões dos gases que provocam o efeito estufa. Também participaram da inauguração do Bosque Quioto, o diretor da área de Meio Ambiente do Itamaraty, ministro Ewerton Vargas, o coordenador geral de Pesquisas em Mudanças Globais do Ministério da Ciência e Tecnologia, José Miguêz, o diretor de Parques do Distrito Federal, Ênio Dutra, e a diretora do Jardim Botânico, Ana Júlia Sales.
O secretário de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Victor Zveibil, que representou a ministra Marina Silva na cerimônia, disse que a expectativa, com a entrada em vigor do Protocolo de Quioto, é de que haja um esforço global para que se possa avançar na direção das mudanças dos padrões de emissões, substituindo os combustíveis fósseis por energias renováveis. Segundo o secretário, o que está em jogo são as alterações graves sobre a biodiversidade no mundo, os impactos sobre os territórios, as alterações sobre a saúde, a qualidade de vida dos povos e, enfim, a economia global. Para Zveibil, a entrada em vigor do protocolo é uma sinalização e uma referência do ponto de vista da informação e da conscientização dos governos e da sociedade como um todo.
De acordo com o coordenador geral de Pesquisas em Mudanças Globais do Ministério da Ciência e Tecnologia, José Miguêz, o Protocolo de Quioto é o início de uma longa caminhada, porque ainda há outros desafios importantes a enfrentar, como, por exemplo, o desmatamento da Amazônia. Nesse caso, o secretário do Ministério do Meio Ambiente lembrou que, embora o Brasil não tenha o compromisso de reduzir metas assumido oficialmente, tem um compromisso ético. O governo brasileiro está preocupado com isso e está realizando uma série de programas interministeriais para evitar e reduzir os desmatamentos e queimadas na Amazônia, como o Programa Amazônia Sustentável, e o Plano de Desenvolvimento Sustentável para a Área de Influência da BR-163, disse.
No caso brasileiro, de acordo com Zveibil, os maiores índices de emissões estão ligados exatamente as queimadas, ao contrário de outros países onde o maior problema é a queima de combustíveis fósseis. Nesse campo, de acordo com o secretário, o País tem muito a mostrar e a oferecer. O Brasil dispõe de característica diferenciada em relação aos outros países. "Cerca de 90% de nossa energia elétrica provém de fontes renováveis. Além disso, o governo desenvolve programas como o Proinfa, Programa de Incentivo a Fontes Alternativas de Energia Elétrica, a produção e utilização do álcool como combustível - tecnologia vista como potencial para exportação "e o programa de biodiesel".
A criação do Bosque Quioto foi um gesto simbólico para marcar a data da entrada em vigor do Protocolo. Mesmo assim, embaixadores e representantes dos 141 países que ratificaram o acordo compareceram ao Jardim Botânico para plantar mudas de 14 espécies de árvores do Cerrado, como ipês, copaíbas, sucupiras, jacarandás e jatobás. O Brasil ficou representado por um ipê roxo, plantado pelo secretário do Ministério do Meio Ambiente.
Protocolo - O Protocolo de Quioto foi o primeiro passo concreto para combater as mudanças climáticas globais. Ele estabelece metas de redução de emissões de gases para os países desenvolvidos, a serem atingidas no período de 2008 a 2012.
O agravamento do efeito estufa, causado, principalmente, pela queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral), atividades agrícolas, desmatamentos e queimadas, está provocando mudanças no clima do planeta. Segundo cientistas de diversos países, essas mudanças podem levar ao derretimento parcial ou até mesmo total das calotas polares, provocando o aumento do nível médio dos mares e alterações na circulação oceânica.
No caso do Brasil, estima-se que o maior impacto será na alteração do regime de chuvas e da temperatura, com conseqüências diretas sobre a agricultura e a biodiversidade. A Amazônia poderá perder parte considerável de suas espécies. A ocorrência de desastres naturais e de quebras de safra também poderá se tornar mais freqüente e intensa. O risco de enxurradas e deslizamentos de terra tenderá a aumentar.
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