Uma expedição científica percorrerá o Rio Amazonas, durante quatro meses e meio, da nascente, nos Andes, à foz, no Atlântico, para comprovar que o Amazonas é provavelmente mais extenso, o que pode colocá-lo como o maior rio do mundo, tanto em volume de água quanto em extensão, à frente do Nilo. A expedição vai traçar, ainda, o perfil sedimentológico do rio, observando a quantidade de matéria sólida que é transportada pelo Amazonas até o oceano Atlântico.
A Expedição Científica Andes-Amazonas está sendo preparada pela Organização Sócio-Ambiental e Expedições Científicas (Ambi), com o apoio da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), dos Ministérios do Meio Ambiente, dos Transportes, e dos Institutos Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), universidades federais do Amazonas e do Acre, além da Agência Nacional de Águas e do Ibama. A previsão é que a equipe multidisciplinar de 52 pesquisadores do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Suriname, Bolívia, Guiana e Guiana Francesa parta em julho de 2005.
De acordo com o geólogo Paulo Roberto Martini, do Inpe, a utilização dos sistemas de Informação geográficas (SIG) e de georreferenciamento por satélite apontam uma nova medida para o Amazonas. Segundo ele, foi possível montar um mosaico de imagens sobre o rio, transformando-as em imagens cartográficas. O trabalho agora é classificar a água do rio, reconhecendo os canais principais, já que o Amazonas é cheio de meandros e ilhas, disse Martini. O geólogo explicou, ainda, que os estudos estão acompanhando o Amazonas, considerando seu principal formador o rio Ucaiali, mais extenso que o rio Maranhão, usado na medição tradicional por ter maior volume de água.
Além de apoiar o projeto, o Ministério do Meio Ambiente participará da expedição com técnicos da Secretaria de Recursos Hídricos, Agência Nacional de Águas e Ibama. Os pesquisadores não só percorrerão o rio como passarão pelas costas atlântica e pacífica, montanhas andinas, florestas e bacias hidrográficas do Orinoco (Peru) e da Amazônia, analisando aspectos sociais e antropológicos.
O foco dos estudos, no entanto, são as águas da região. De acordo com o hidrólogo da Secretaria de Recursos Hídricos do MMA, Jonair Mongin, os sedimentos que estão sendo transportados pelo rio Amazonas dos Andes para o oceano Atlântico são depositados na Costa Atlântica do norte da América do Sul e estão reconfigurando o continente. Os sedimentos andinos, segundo Mongin, são conseqüências de erosão natural do degelo e das chuvas, mas as mudanças climáticas e a ação do homem estão interferindo nesse processo, causando desertificação e colocando em risco as nascentes dos rios formadores do Amazonas e da Bacia Amazônica.
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