A vida do ambientalista gaúcho José Antonio Lutzenberger, reconhecido e respeitado mundialmente por seu trabalho dedicado à conservação e à recuperação ambiental, poderá ser conhecida nas mais de quinhentas páginas de textos e fotos do livro Sinfonia Inacabada, da jornalista e escritora Lilian Dreyer e da Fundação Gaia. A obra será lançada durante o Festival Viva Lutz, dias 15 e 16, em Porto Alegre (RS). Participam do evento o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Claudio Langone, o Lama Padma Samten, o empresário e ambientalista Gunter Pauli e o agroecologista Nasser Youcef Nasr. Veja a programação abaixo.
Em março de 1990, Lutzenberger foi nomeado Secretário-Especial do Meio Ambiente da Presidência da República, em Brasília, no mandato de Fernando Collor de Mello. Até 1992, quando deixou o cargo, o ambientalista contribuiu para a demarcação de áreas indígenas, como a dos Yanomamis, na decisão do Brasil de abandonar a fabricação da bomba atômica, na assinatura do Tratado da Antártida e na Convenção das Baleias. Participou, ainda, dos encontros preparatórios à Rio92.
Lutzenberger nasceu em 17 de dezembro de 1926, na capital gaúcha. Formado em Agronomia, trabalhou por anos para empresas voltadas à produção de adubos e químicos, no Brasil e no Exterior. A partir de 1971, abandonou uma carreira de treze anos como executivo da Basf para denunciar o uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras do Rio Grande do Sul, voltando-se em definitivo ao ambientalismo. Foi um dos fundadores da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), uma das entidades ambientalistas mais antigas do país. Em 1987, criou a Fundação Gaia, que promove o desenvolvimento sustentável, a agricultura regenerativa, a educação ambiental e a reciclagem do lixo urbano.
Um dos exemplos de seu trabalho foi a campanha contra a fabricante norueguesa de celulose Borregaard, que tornava insuportável o ar na região da Grande Porto Alegre, a partir de 1974. A fábrica chegou a ser fechada para melhorias nos equipamentos. Após a venda da planta a brasileiros, Lutz, como era conhecido, participou de um projeto para torná-la um exemplo de que é possível conciliar desenvolvimento e respeito ao meio ambiente. Outros projetos foram liderados pelo agrônomo, como: levantamento das áreas de parques da Guarita e Itapeva; projeto, execução e manutenção do Parque da Guarita; projeto e implantação do Parque da Doca Turística, em Porto Alegre; coordenação dos Estudos Ecológicos do Plano Diretor do Parque Estadual do Delta do Jacuí; entre outros.
O trabalho de Lutzenberger foi focado na agricultura e no uso equilibrado dos recursos não-renováveis, mas nunca deixou de alertar sobre os perigos que o atual modelo de globalização representa para a humanidade em nível ecológico e social. Ao longo de sua vida, o ecologista participou de mais de oitenta encontros nacionais e mais de quarenta internacionais. Recebeu mais de quarenta prêmios, entre eles o The Right Livelihood Award (Nobel Alternativo), 25 distinções e mais de dez homenagens especiais. Lutzenberger faleceu em 14 de maio de 2002, aos 75 anos.
Festival Viva Lutz
Sexta-feira (15)
no Salão de Atos da UFRGS
15h30min - Abertura oficial, com o painel Soluções, do qual participarão Gunter Pauli, Nasser Youcef Nasr, Lama Padma Samten e Claudio Langone
- Lançamento da biografia de José Lutzenberger
Sábado (16)
no Parque da Redenção
10h - Culto ecumênico e apresentação do Coral da Ulbra de Gravataí
- Teatro de Rua
- Circo Minimal
- Trilha guiada no Parque com biólogos
no Salão de Atos da UFRGS
21h - Show com Jorge Mautner e Nelson Jacobina, com participação de Renato Borghetti
A verdadeira, a mais profunda espiritualidade consiste em sentir-nos parte integrante deste maravilhosos e misterioso processo que caracteriza Gaia, nosso planeta vivo: a fantástica sinfonia da evolução orgânica que nos deu origem junto com milhões de outras espécies. É sentir-nos responsáveis pela sua continuação e desdobramento.
(J.A. Lutzenberger)
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