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Autorizado início das obras da usina Foz do Chapecó

Publicado: Segunda, 20 Setembro 2004 21:00 Última modificação: Segunda, 20 Setembro 2004 21:00

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o presidente do Ibama, Marcus Barros, anunciaram hoje, durante entevista coletiva no Ministério do Meio Ambiente, a autorização para início das obras da Hidrelétrica Foz do Chapecó, no Rio Uruguai, na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A construção da usina, capaz de gerar 855 MW (megawatts) para as regiões Sul e Sudeste, afetará três mil famílias de agricultores rurais. De imediato, 71 famílias serão transferidas por habitarem a área do canteiro de obras.

Esta é a quarta hidrelétrica que o Ibama autoriza este ano. A hidrelétrica São Salvador (280 MW), no Rio Tocantins, entre Goiás e Tocantins, recebeu licença prévia. A hidrelétrica de Barra Grande (690 MW), no Rio Uruguai, recebeu autorização para corte de vegetação, e a de Corumbá 4, no Rio Corumbá (127 MW), em Goiás, ganhou autorização para concluir obras e suprimir vegetação. 

De acordo com Marina Silva, a agilização e a qualificação do licenciamento ambiental são conseqüências do esforço conjunto de vários órgãos de governo. "Os problemas ambientais devem ser tratados adequadamente e não removidos, como às vezes ouvimos falar. O licenciamento ambiental é uma conquista da sociedade brasileira", disse.

O Ibama emitiu a licença para Foz do Chapecó sob a condição de que o consórcio responsável pela hidrelétrica cumpra exigências para minimizar os impactos sociais e ambientais da obra. O empreendedor deverá indenizar as famílias pela perda da terra, das casas, das benfeitorias e pelo lucro cessante (perdas financeiras com a interrupção da produção) e comprará terras para reassentamento coletivo dos não-proprietários (meeiros e funcionários), em no máximo um ano.

Várias inovações constam das condições exigidas pelo Ibama para esse licenciamento. Por exemplo, o cadastro das famílias e pessoas que serão reassentamentas deverá listar aquelas que já estavam na área na data da emissão da licença prévia, em dezembro de 2002. Quem preferir a carta de crédito para compra de nova propriedade de 17 hectares ou módulo rural ao invés do reassentamento rural, terá direito a assistência técnica e social por dois anos. Filhos com mais de 18 anos, se comprovarem atividade independente, receberão área anexa à nova propriedade dos pais em tamanho a ser negociado. Já os migrantes que não se enquadram nos programas aprovados, mas estão na área de construção da hidrelétrica, receberão apoio para retornar a sua cidade de origem.

Histórico - A necessidade de transferir elevado número de pessoas foi o principal problema enfrentado para o licenciamento de Foz. Outra dificuldade foi a redução da vazão média de água, de mil metros cúbicos por segundo para 200 metros cúbicos por segundo em um trecho de 19 quilômetros, durante a seca. A vazão reduzida poderia comprometer a biodiversidade da região e o balneário de Águas do Prata, no município de São Carlos (SC). 

O consórcio pediu licença prévia em 1998. O primeiro relatório de impacto ambiental (EIA-Rima) foi rejeitado e o novo estudo enviado em fevereiro de 2000. A licença saiu em dezembro de 2002 com uma série de condicionantes para assegurar a viabilidade ambiental da obra. O Ibama realizou amplo processo de reuniões públicas e atendeu a uma das preocupações do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) ao fixar prazo para compra da terra destinada ao reassentamento de famílias.

Balanço - Com o licenciamento de Foz do Chapecó restam apenas quatro empreendimentos de alta complexidade do modelo antigo do setor elétrico em avaliação no Ibama: Estreito, no Rio Tocantins, entre Maranhão e Tocantins; Itaocara, no Rio Paraíba do Sul, entre Minas Gerais e Rio de Janeiro; Paiquerê, no Rio Pelotas, entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul; e Couto Magalhães, no Rio Araguaia, entre Mato Grosso e Goiás. 

A partir deste ano, a viabilidade ambiental dos empreendimentos passou a ser analisada antes de a Aneel fazer a concessão da hidrelétrica para o empresário. Desde a mudança, adotada pelo governo para reduzir entraves ambientais e judiciais, entraram no Ibama três pedidos de licença para construção das hidrelétricas: Ipueiras, no Rio Tocantins; Simplício, no Rio Paraíba do Sul, Minas e Rio; e Paulistas, no Rio São Marcos, entre Minas Gerais e Goiás.

Até hoje, o Ibama já concedeu 177 licenças ambientais para construção de hidrelétricas, rodovias, gasodutos e pequenas obras em território da União. O número supera o registrado em todo o ano passado, que foi de 145 licenças.

Também participaram da coletiva o secretário-executivo do MMA, Claudio Langone, e Luiz Felippe Kunz Júnior, da Diretorial de Licenciamento do Ibama.

Tipos de Licença

Licença Prévia - O Ibama analisa se a obra é viável ambientalmente. O empreendedor precisa apresentar estudo de impacto ambiental.
Licença de Instalação - Nesta etapa, o empreendedor recebe autorização para começar a obra.
Licença de Operação - Sinal verde para entrar em funcionamento.
Autorização de Supressão de Vegetação - A autorização para corte de vegetação na área de formação do reservatório é dada antes da licença de operação.


45 Hidrelétricas com problemas de licenciamento (Velho modelo do Setor Elétrico) 
Fonte: Diretoria de Licenciamento e
Qualidade Ambiental do Ibama

I. Os 21 (vinte e um) empreendimentos com baixa complexidade: 6 estão no IBAMA, TODAS POSSUEM OU LICENÇA DE INSTALAÇÃO OU JÁ ESTÃO OPERANDO

Lista MME

Informação IBAMA

1. Santo Antônio

Possui LI desde 1990, não possui obras

2. Serra do Facão

Possui LI desde 2002, não possui obras

3. Queimado*

Possui Licença de Operação (2003), em funcionamento

4. Ponte de Pedra*

Possui Licença de Operação (2004), em funcionamento

5. Ourinhos*

Possui LI e Autorização para Supressão de Vegetação (2004), em fase final de obras para enchimento reservatório

6. Peixe Angical*

Possui LI (2002), em obras

II. Os 24 (vinte e quatro) empreendimentos com alta complexidade: 10 estão no IBAMA, 5 JÁ POSSUEM LICENÇAS, 3 DELAS EM FASE FINAL DE OBRAS, FOZ DO CHAPECÓ ESTÁ TENDO A OBRA AUTORIZADA.

1. Aimorés*

Com LI, obras em fase final, obras sociais atrasadas

2. Corumbá IV*

Licenciamento inicial em Goiás, diversos problemas técnicos, TAC em 2004, liberação de LI, obra em fase final

3. Barra Grande*

LI (2002), Autorização Supressão Vegetação TAC (2004), obra em fase final

4. Foz do Chapecó*

Com LP (2002), LI está sendo concedida, resolução de questões sociais

5. São Salvador*

Com LP (2004), solicitação de LI em avaliação

6. Estreito

Fase final de análise de viabilidade (LP): aguarda realização audiências públicas

7. Couto Magalhães

LP indeferida em 2003, nova solicitação em junho 2004, fase inicial de análise de viabilidade, alta complexidade: ARAGUAIA

8. Itaocara

Alta complexidade social, em fase de análise para LP (solicitada em 2000), EIA/RIMA de baixa qualidade, complementações, conflitos de uso da água e conflitos sociais

9. Paiquerê

Fase final de avaliação de viabilidade, LP solicitada em 2001, alta complexidade ambiental: florestas de Araucárias

10. Itumirim

LP indeferida em 2002, ACP MPF, interferência PARNA EMAS

Para info sobre potência e rios, conferir com o MME.

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