A ministra Marina Silva e o presidente do Ibama, Marcus Barros, participam segunda-feira (20), às 19h, no Cine Brasília, do lançamento do documentário O Divisor que nos Une. O filme mostra os conflitos, o processo de crescimento coletivo e a mudança política e cultural decorrentes da criação do Parque Nacional da Serra do Divisor, no extremo oeste do Estado do Acre, na fronteira com o Peru, na região do Vale do Juruá.
O lançamento do documentário faz parte do evento Floresta Amazônica: Gente e Natureza, que inclui ainda a Semana Ashaninka e Apiwtxa, com a exposição Nos Meandros do Juruá, com fotos de Bento Viana, e uma "confraternização musical", reunindo músicos da aldeia Ashaninka Apiwtxa e a cantora Keilah Diniz.
Os Ashaninka da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia são vizinhos do Parque Nacional da Serra do Divisor, nas proximidades da cidade de Marechal Thaumaturgo, no Acre. A comunidade tem se destacado por sua liderança na região, sendo referência no debate sobre desenvolvimento sustentável. Os axhaninkas usam, em suas terras, práticas de vanguarda em conservação da natureza e organização comunitária.
O evento é promovido pelo IEB (Instituto Internacional de Educação do Brasil), Ministério do Meio Ambiente e Ibama, com apoio da Embaixada do Reino dos Países Baixos e Secretaria de Cultura do GDF. Os interessados em participar poderão retirar convites na bilheteria do Cine Brasília, no dia do evento.
O documentário
O Divisor que nos Une é um documentário realizado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil/ IEB, no Vale do Juruá, no Estado do Acre. Aborda os problemas relacionados à criação, em 1989, do Parque Nacional da Serra do Divisor, em área onde viviam cerca de 500 famílias que, a partir de então, defrontam-se com a necessidade legal de, em algum momento, retirar-se dali. O documentário mostra o papel do Conselho Consultivo do Parque como espaço de um rico processo de diálogo e de crescimento coletivo na busca de respostas que, a um só tempo, considerem as necessidades ambientais, sociais e econômicas da região e do País.
As filmagens foram feitas nas cidades de Cruzeiro do Sul, Marechal Thaumaturgo e Mâncio Lima, na Reserva Extrativista do Alto Juruá e na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, onde vive a Comunidade Ashaninka Apiwtxa. (Ficha Técnica: Direção, Maristela Bernardo. Fotografia, Bento Viana/ Oikos-Agência de Imagens. Duração, 40min. Ano, 2004).
Semana Ashaninka
A Semana Ashaninka é promovida pela Associação Ashaninka Apiwtxa e pela Universidade de Brasília, com apoio da Comissão Pró-Índio do Acre e do IEB. Ela tem duplo objetivo: 1) expor os avanços e conquistas do povo Ashaninka em gestão de recursos naturais e produção sustentável; 2) buscar soluções para dificuldades e problemas na região da fronteira Brasil-Peru (incursões de madeireiros peruanos), que afetam não apenas as terras indígenas, como o patrimônio natural brasileiro naquela parte da Amazônia.
A Semana constará de encontros restritos das lideranças indígenas com autoridades brasileiras e da cooperação internacional, e de eventos abertos ao público:
Mesas-redondas sobre os temas: Terras Indígenas na Amazônia; Conservação da Biodiversidade e Uso Sustentável dos Recursos Naturais em Terras Indígenas; Terras Indígenas em Área de Fronteira e a Política Integrada de Conservação Brasil-Peru. Participarão das mesas lideranças indígenas, representantes de órgãos governamentais, entidades não-governamentais e da cooperação internacional.
Mostra de Vídeos Apiwtxa - retratam as experiências do povo Ashaninka, sua sabedoria, tradição e sua relação com a floresta.
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Exposição de fotos de Bento Viana
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Exposição de artefatos da cultura ashaninka
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Exposição e venda de artesanato
Local - Auditório da Reitoria da Universidade de Brasília
Horário - Diariamente, de 21 a 23 de setembro:
17h - Abertura de exposições e venda de artesanato
18h - Exibição de vídeos
19h - Mesa-redonda
A Serra do Divisor
O Brasil tem 53 parques nacionais que, segundo a lei (9985/2000) que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), são áreas de proteção integral destinadas à preservar ecossistemas de grande relevância. Muitas dessas áreas, ao serem criadas, acabaram se transformando em focos de conflitos de natureza social, cultural, fundiária, especialmente devido à ainda baixa compreensão do papel das áreas protegidas e da necessidade de uma política nacional de conservação.
Os Conselhos Consultivos, previstos na Lei do SNUC, deveriam ser o espaço onde esses conflitos e todas as demais questões referentes à plena implementação das funções dos parques (preservação, pesquisa científica, recreação, educação ambiental e turismo ecológico) seriam conduzidas e negociadas. Até o momento há raros conselhos em funcionamento.
Em 2001, foi criado o Conselho Consultivo do Parque Nacional da Serra do Divisor, em decorrência de uma parceria entre a organização não-governamental SOS Amazônia e o Ibama do Acre, com apoio do IEB-Instituto Internacional de Educação do Brasil, por meio do PADIS-Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional e Sustentável, com recursos da Embaixada do Reino dos Países Baixos (Holanda).
O Parque Nacional da Serra do Divisor foi criado em 1989 e durante longo período foi visto pela população local como ameaça, principalmente porque as cerca de 500 famílias que habitavam a área tomaram conhecimento de que teriam que sair de lá e deixar para trás terras que, em alguns casos, ocupavam há cinco gerações.
Essa situação começou a mudar com a criação do Conselho Consultivo do Parque. Em cerca de dois anos de funcionamento, o Conselho realizou cinco reuniões, uma série de atividades de capacitação dos conselheiros e conseguiu se transformar no maior fórum do Vale do Juruá, centralizando também debates sobre o desenvolvimento regional. Embora haja um longo caminho pela frente até que todos os problemas relacionados ao parque sejam resolvidos, hoje esse conselho é considerado uma vitória da participação e do diálogo e uma referência para a criação e funcionamento de parques nacionais no País. Dele participam conselheiros representantes de comunidades de moradores do Parque Nacional, de agências do governo federal, do governo estadual, dos poderes públicos municipais do entorno, de comunidades indígenas, etc.
O documentário O DIVISOR QUE NOS UNE foi filmado nos meses de maio e junho de 2004 nas cidades de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Marechal Thaumaturgo, no Estado do Acre, durante o período em que se realizou a quinta reunião do Conselho Consultivo do Parque Nacional da Serra do Divisor. Registra também a viagem de intercâmbio de um grupo de conselheiros moradores do Parque à Reserva Extrativista do Alto Juruá e à Terra Indígena Ashaninka Kampa do Rio Amônia. O intercâmbio possibilitou aos conselheiros contato direto com territórios que têm histórico importante de organização comunitária voltada para a exploração econômica sustentável de recursos naturais e gestão territorial coletiva.
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