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Reserva extrativista terá geração de energia com biomassa

Publicado: Segunda, 05 Janeiro 2004 22:00 Última modificação: Segunda, 05 Janeiro 2004 22:00

Brasília (DF) - O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) aprovou recentemente o repasse de cerca de R$ 1 milhão para a implementação de uma Central Termelétrica que produzirá eletricidade a partir do aproveitamento de resíduos de madeira por uma comunidade na Reserva Extrativista de Cautário, no município de Costa Marques, em Rondônia. A Comunidade de Cautário 1 é uma das integrantes da Associação dos Seringueiros do Vale do Rio Guaporé (Aguapé), a mais de 700 quilômetros da capital Porto Velho. 

As famílias da Comunidade de Cautário sobrevivem com a extração do látex, de castanha do Brasil, da copaíba, da atividade madeireira sustentável com planos de manejo autorizados e regulares, do beneficiamento da madeira em uma serraria, do artesanato e do ecoturismo. No entanto, devido à baixa qualidade da energia hoje disponível e aos altos custos de geração, com geradores movidos a óleo diesel, a produção a partir dos recursos madeireiros está abaixo do potencial.

Para melhorar o fornecimento de energia e a produção local, com geração descentralizada, será desenvolvido por dois anos um projeto piloto para produção de 200 KW de energia com resíduos de madeira pelo Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP (IEE). A iniciativa contará com a parceria do Centro Nacional de Referência em Biomassa da Universidade de São Paulo (Cenbio/USP), Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp) e Ministério do Meio Ambiente, e com o apoio da Aguapé, da Ação Ecológica do Vale do Guaporé (Ecoporé) e do Governo de Rondônia, Universidade de Rondônia (Unir), entre outros.

O Ministério do Meio Ambiente, por meio do Projeto Negócios Sustentáveis do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7), irá disponibilizar todas as informações sobre projetos e pesquisas já desenvolvidas na região nas áreas de treinamento, qualificação, estudos socioeconômicos, sobre cadeias produtivas e organização comunitária. A implementação do projeto deve começar em breve, logo após o início do repasse dos recursos.

O engenheiro Carlos Machado Paletta, do Cenbio/USP, explica que duas tecnologias serão testadas já na fase inicial do projeto piloto - a de gaseificação dos resíduos de madeira e a de ciclo a vapor - para definir qual poderá melhor atender comunidades isoladas, tanto nos aspectos técnicos como financeiros. "Um projeto desse tipo e com esse porte será inédito no Brasil", disse o engenheiro. Por fim, as entidades envolvidas no projeto pretendem construir um modelo sustentável e replicável de geração de eletricidade a partir da biomassa.

Os benefícios ambientais diretos do projeto serão a substituição total dos geradores atuais, que funcionam com diesel (combustível fóssil), lançando poluentes na atmosfera, e o uso de uma fonte renovável e sustentável, o resíduo de madeira. Só a economia com o corte do consumo de óleo pode chegar a mais de R$ 4 mil a cada mês.

No Brasil, muitas linhas de transmissão se estendem por longas distâncias, levando a perdas de energia. Esse é um dos pontos em que a geração local e descentralizada pode contribuir minimizando o desperdício de energia no transporte, democratizando o acesso à eletricidade e fazendo uso de fontes alternativas, como a biomassa, os ventos e a energia solar. Nas regiões Norte e Nordeste, ainda é grande o número de brasileiros sem acesso à energia.

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