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Controle de zoonoses será rigoroso no processo de repatriação das ararinhas

Protocolo de importação de aves no Brasil serve para evitar entrada de patógenos

As zoonoses são doenças transmissíveis entre os animais e o homem e vice-versa, sendo uma importante ameaça à saúde pública. Desde o início do século passado, unidades responsáveis pela execução das atividades de controle de zoonoses vêm sendo estruturadas no Brasil e o controle, com o passar dos anos, tornou-se cada vez mais rígido. O caso da reintrodução da ararinha-azul na Caatinga do Nordeste não foge à regra e todos os cuidados serão tomados, uma vez que as aves virão da Alemanha.

Camile Lugarini, analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente, é coordenadora do projeto de repatriação das ararinhas. A médica veterinária afirma que qualquer transporte de aves para o Brasil tem restrições do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), uma vez que o país é o maior exportador de frango do planeta. 

“Para fazer o transporte das ararinhas da Alemanha até o Brasil a gente tem toda a parte de biossegurança relacionada a avicultura comercial, por causa das restrições, barreiras e acordos internacionais a serem seguidos”, explica Lugarini. “Isso quer dizer que toda ave que chega ao Brasil precisa ser testada em quarentena para, pelo menos, três doenças, influenza aviária, Newcastle e clamídia. Todas as aves que entram no Brasil têm de passar por esses três testes.”

A Influenza Aviária é a já famosa Gripe Aviária e o Brasil, como o maior exportador do produto, tem atuação impecável no sentido de se proteger desta zoonose. A Newcastle é uma doença de aves bastante presente na Europa, mas raramente é uma zoonose. Por fim, a Clamídia é uma zoonose que passa para o homem e é muito contagiosa entre os psitacídeos, do qual as ararinhas-azuis fazem parte. 

Diferenciado – Todas as aves que entram no Brasil precisam passar pelo quarentenário oficial em São Paulo, mas o caso das ararinhas-azuis será diferente. Para o Plano de Ação Nacional, foi solicitado junto ao Mapa uma autorização para que a quarentena seja feita direto na Bahia, onde foi construído o Centro de Reprodução e Soltura Ararinha-Azul.

Cuidados – Segundo a médica veterinária, as precauções estão sendo tomadas desde o país de origem, onde as aves foram preparadas para a viagem. “As 50 ararinhas vão passar pela primeira barreira ainda na Alemanha, uma vez que elas serão submetidas a uma bateria de testes lá. Além desses exames exigidos pelo Mapa, nós temos, dentro do protocolo de cativeiro, um hall de patógenos que têm de ser testados antes de vir para o Brasil. O Circovírus, por exemplo, é uma doença altamente contagiosa que ataca as penas e o bico da ave e que não queremos que venha para o Brasil”, destaca Lugarini. “Então, a gente faz testes muito antes de as aves embarcarem para o Brasil. Trinta dias antes da viagem elas já estão em quarentena oficial. E mesmo assim, quando chegam aqui, precisam passar por uma quarentena oficial, igual ocorreu lá.”

A quarentena, segundo a coordenadora do projeto, serve justamente para eliminar qualquer possibilidade de patógenos trazidos do exterior. “A captura e a transferência são dois dos momentos mais estressantes na vida de uma ave. Estamos falando do segundo, que é a viagem da Alemanha até aqui. E como esse é um momento estressante, por mais que tenhamos todo um cuidado, se a ave tiver alguma doença que ainda não está demonstrando, provavelmente ela mostra nesse período de 21 dias. Por isso que elas ficam em quarentena.”

O cuidado não se refere apenas à avicultura comercial. “A quarentena e todos os testes são importantes porque a gente não vai querer reintroduzir uma espécie com um algum vírus ou bactéria que possa matar, ser letal para qualquer outra espécie dentro do Brasil. Por isso o protocolo sanitário tem de ser muito rígido”, explica Lugarini. “Todas as ararinhas serão vistoriadas e inspecionadas, tudo para que não tenha nenhum risco para a avicultura comercial, nenhum risco para a saúde humana e nenhum risco para a nossa fauna.”

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