Por meio de uma portaria assinada nessa quinta-feira, foi criado o Grupo de Trabalho sobre o Bioma Cerrado, ligado à Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente. O anúncio foi da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na abertura do 3º Encontro e Feira dos Povos do Cerrado, na Universidade Católica de Goiás, em Goiânia. "Onde há fragilidade, são necessários mais investimentos e mais cuidados", disse. Entre as ações previstas para o Cerrado, Marina Silva destacou que um programa específico já está incluído no Plano Plurianual (PPA) do governo federal, para a proteção e o desenvolvimento sustentado dos biomas do país.
Também participaram da abertura da Feira o ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, o secretário-executivo do MMA, Claudio Langone, o presidente do Ibama, Marcus Barros, o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério, João Paulo Capobianco, o prefeito de Goiânia, Pedro Wilson, além de representantes de organizações não-governamentais e de entidades de classe. O 3º Encontro e Feira dos Povos do Cerrado é uma promoção da Rede Cerrado de ONGs em parceria com a prefeitura de Goiânia e com apoio do Ministério do Meio Ambiente.
Para Langone, é preciso trabalhar pela preservação do Cerrado assim como têm sido destinados esforços a outros biomas, como Mata Atlântica e Amazônia. "Não é razoável classificar o Cerrado como a grande fronteira para expansão agrícola. Trata-se de um bioma com muitas sutilezas, de grande valor ecológico e econômico", disse.
O secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA lembrou que o Cerrado é o segundo maior bioma do país, abrangendo 12 estados - Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Pará e Rondônia. Uma das principais características do Cerrado é a de ter contato com todos os outros biomas brasileiros, permitindo um constante fluxo genético entre as espécies, especialmente por suas matas de galeria, onde são observadas diversas espécies típicas dos biomas adjacentes.
Em breve, por meio de uma parceria com o IBGE, o Brasil disporá de um mapa de todos os seus biomas. "Esse documento será fundamental para planejarmos ações de preservação e recuperação do bioma, que tem apenas 3,5% de sua área protegida", salientou Capobianco.
O Cerrado, depois que passou a ser considerado como a principal área de expansão para a agricultura, tem perdido áreas naturais em ritmo acelerado, contribuindo para a perda da biodiversidade brasileira. Embora não haja estimativas recentes e conclusivas que apresentem o estágio atual de sua devastação, estudos de meados da década passada sinalizavam que pelo menos 50% do Cerrado já estavam totalmente comprometidos.
O 3º Encontro e Feira dos Povos do Cerrado é aberto ao público, segue até domingo e servirá para colocar em cena a sociobiodiversidade do Cerrado. Estarão expostos e à venda produtos e serviços desenvolvidos pelas comunidades, instituições, ongs, universidades, empresas e governos. São cem estandes representando mais de 150 experiências. Paralelamente, estará acontecendo uma programação cultural com shows e apresentações culturais das tradições e costumes dos povos do Cerrado.
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