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Países discutem proteção de grandes felinos

Medidas no âmbito das três Américas são debatidas em evento que marca a passagem do Dia Mundial da Vida Selvagem, celebrado neste sábado.

 

Publicado: Sexta, 02 Março 2018 17:30
Crédito: Países discutem proteção de grandes felinos

Brasília (02/03/2018) – Durante o Fórum de Alto Nível Jaguar 2030, realizado na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York (EUA), nessa quinta-feira (1º), dentro das comemorações do Dia Mundial da Vida Selvagem, o Brasil assumiu o compromisso de se associar aos países das Américas do Sul, Central e do Norte nos esforços de proteção da espécie. O jaguar é conhecido no país como onça-pintada (Panthera onca) e encontra-se na lista da fauna brasileira ameaçada de extinção. Ocorre do sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina.

O Brasil foi representado no fórum pelo diretor de Conservação e Manejo de Espécies do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ugo Vercillo, e pelo chefe do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ronaldo Morato.

Os representantes brasileiros compareceram também, nesta sexta-feira, à sessão da ONU em homenagem ao Dia Mundial da Vida Selvagem. A data é celebrada em 3 de março desde 2013 e busca chamar a atenção dos governos e da sociedade civil para a conservação de espécies ameaçadas. Neste ano, tem como tema Grandes Felinos - predadores sob ameaça, com destaque especial para o jaguar ou onça-pintada.

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Organizado pelo Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento (Pnud), Instituto Panthera, Conservação Internacional (CI), Sociedade de Conservação da Vida Selvagem e outros parceiros, o Fórum de Alto Nível reuniu, além do Brasil, representantes dos países americanos que registram a presença da onça-pintada, como Argentina, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guiana, Nicarágua, Guatemala, Honduras, Belize, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Suriname e Peru.

Os debates se concentraram nos desafios e oportunidades regionais para conservação de paisagens de jaguares de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

INTEGRAÇÃO

Na sua intervenção, o representante do MMA disse ter aprendido muito com colegas dos outros países sobre os esforços nacionais que estão sendo desenvolvidos para proteger a onça em toda a América e avançar na integração que resulte numa área regional de preservação do animal, como o Corredor das Américas.

"O Corredor das Américas é uma estratégia real e uma solução para proteger a onça-pintada, para evitar a perda de seu habitat. A implementação de áreas protegidas, do estabelecimento de novas áreas e da conexão dessas paisagens para ajudar a dispersão da onça-pintada em toda a sua área de ocorrência nas Américas pode garantir o espaço necessário para manter as populações de forma saudável", reforçou.

Vercillo destacou que o Brasil possui legislação ambiental "robusta e abrangente" de apoio às ações de preservação da onça-pintada. Além disso, mantém um sistema amplo de unidades de conservação que se soma às áreas nativas que devem ser preservadas por lei nas propriedades rurais privadas. Tudo isso, de acordo com ele, contribui para a proteção do animal.

"A lacuna neste processo é ligar o quadro regulamentar ao setor privado e facilitar um grande envolvimento desse setor na proteção do meio ambiente. Vários projetos no Brasil têm foco em construir esta ponte, e esse momento traz uma ótima oportunidade para aprender com outros países parceiros e identificar recursos para fortalecer esse trabalho", afirmou Vercillo.

AMEAÇAS

Já o chefe do Cenap/ICMBio, Ronaldo Mortado, ressaltou que o Brasil detém a maior população de onças-pintadas em toda a área de distribuição da espécie. Segundo ele, a perda de habitat, a perseguição e a caça são as maiores ameaças para a sobrevivência a longo prazo do animal no país. Morato destacou ainda que a espécie é classificada como vulnerável na Amazônia e no Pantanal, em perigo no Cerrado e criticamente ameaçada de extinção na Mata Atlântica e Caatinga.

Isso, ainda segundo ele, mostra que mais de 50% do habitat da onça-pintada no Brasil foram perdidos, tendo sido convertidos em áreas de uso pelo homem. "A Mata Atlântica é o habitat de onças mais afetado. Perdeu 88% de área das onças-pintadas. Pode ser que que o bioma tropical perca seu maior predador superior se a proteção efetiva não for implementada", alertou Morato.

Para evitar isso, Morato destacou que o governo brasileiro adota esforços sistemáticos para planejar a conservação da biodiversidade focada em espécies ameaçadas de extinção, como a onça-pintada. Nesse aspecto, a identificação de áreas prioritárias e corredores para a conservação de espécies são componentes essenciais do Plano de Ação Nacional de Conseração da Onça Pintada, executado pelo ICMBio.

Morato ressaltou que o Brasil possui um grande sistema de unidades de conservação com cerca de 330 áreas protegidas federais, que contribuem para a conservação das espécies da fauna, principalmente na região amazônica. Além disso, prosseguiu, cientistas brasileiros estão se juntando aos esforços para entender melhor o comportamento das espécies, ecologia e planejamento de conservação. Eles criaram, inclusive, a Aliança para a Conservação da Onça-Pintada na Amazônia e Mata Atlântica, informou ele.

O chefe do Cenap disse que o governo brasileiro reconhece a importância dos corredores para a sobrevivência das espécies a longo prazo. Além disso, procura estabelecer parcerias com os países vizinhos, a fim de melhorar a gestão e conservação das espécies, especialmente no corredor trinacional de Iguaçu/ecorregião do Alto Paraná da Mata Atlântica (Brasil, Argentina e Paraguai).

 

Por: Elmano Augusto / Ascom MMA


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