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Amazônia: desmatamento em queda

Recomposição do orçamento de comando e controle e intensificação das ações de fiscalização possibilitaram números positivos em 2017.

Publicado: Sexta, 29 Dezembro 2017 19:00 Última modificação: Segunda, 28 Maio 2018 16:10
Crédito: Gilberto Soares/MMA Vista aérea do entorno de Manaus. Vista aérea do entorno de Manaus.

RENATA MELIGA

Embora tenha sido um ano de muitos desafios na área ambiental, 2017 também apresentou bons resultados, como a redução de 16% do desmatamento na Amazônia Legal. Por trás dessa queda, anunciada em outubro deste ano, estão o fortalecimento do orçamento dos órgãos de comando e controle, a intensificação das ações de fiscalização e parcerias com os governos dos estados da Amazônia Legal.

O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, explica, entretanto, que as ações de comando e controle estão longe de ser a única maneira para reduzir de forma permanente o desmatamento ilegal na Amazônia. "Só vamos conseguir isso quando viabilizarmos a valoração ambiental. Quando a floresta em pé valer mais do que a floresta derrubada", destaca o ministro.

Nesse sentido, o ministério tem trabalhado em duas vertentes específicas: o manejo florestal e o fortalecimento de Reservas Extrativistas (Resex). De acordo com Sarney Filho, o lançamento do Sistema Nacional de Controle de Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor), desenvolvido para controlar a origem, autorização de exploração até o transporte, armazenamento, industrialização e exportação de produtos e subprodutos florestais, além do Cadastro Ambiental Rural (CAR), trazem segurança e tranquilidade para que essa agenda seja trabalhada. "Com esse novo método de fiscalização, a gente ampliou em 20% o manejo florestal este ano. Também é importante que as Resex sejam fortalecidas. Com isso, atingimos dois objetivos: o combate à pobreza e ao desmatamento", explicou o ministro.

COMANDO E CONTROLE

De primeiro de janeiro a 21 de dezembro de 2017, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou, em todas as unidades da federação, um total de 16.605 ações fiscalizatórias. Quase metade desse total (49%) aconteceu nos estados que fazem parte da Amazônia Legal.

O coordenador-geral de Fiscalização Ambiental do Ibama, Renê de Oliveira, destaca que as ações de comando e controle são o principal eixo do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). Portanto, segundo ele, é possível apontar a intensificação da fiscalização como um dos fatores que levam à queda do desmatamento.

"Apesar do cenário econômico desfavorável para toda a Administração Pública, o empenho do Ministério do Meio Ambiente em manter o orçamento do Ibama e o acesso aos recursos do Fundo Amazônia permitiram intensificar a presença em campo, principalmente em áreas mais críticas, como o noroeste do Mato Grosso, o sul do Amazonas e o eixo da BR-163. Também intensificamos ações em áreas protegidas. Em 2017, o Ibama atuou em mais de 60 Terras Indígenas, combatendo ilícitos contra a flora e o garimpo ilegal", informa o coordenador.

Para o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Evaristo, as novas linhas de fiscalização tecnológicas, como a Operação Controle Remeto, também contribuíram significativamente para a redução. "Hoje, utilizando dados dos cadastros brasileiros, incluindo aí o CAR, a gente consegue fazer uma autuação em todos os desmatamentos irregulares apontados pelo Prodes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)", diz. Evaristo lembra, ainda, que o instituto consolidou o Deter B, o que melhorou consideravelmente o sistema de detecção em tempo real do desmatamento.

PERSPECTIVAS

Luciano Evaristo conta que as perspectivas para o ano que vem são bem positivas. "Teremos um aumento no orçamento do Ibama, então estaremos em condições até de ampliar as nossas ações".

O diretor destaca ainda a chegada do Amazônia Protege, uma parceria do Ministério Público Federal, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Ibama que utiliza imagens de satélite e cruzamento de dados públicos para combater o desmatamento ilegal.

Com essa nova metodologia, o MPF pretende ajuizar ações civis públicas contra os responsáveis pelos desmatamentos ilegais com mais de 60 hectares registrados entre 2015 e 2016, baseado nos dados do Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes/Inpe).

"Então, além da ação de repressão, da ação remota e da ação direta no campo, os infratores terão a certeza que responderão em juízo pela recuperação dos danos causados à Floresta Amazônica. 2018 promete, será um ano de bastante luta, mas estaremos com certeza em condições melhores do que tivemos este ano e em anos anteriores", reforça Evaristo.

CARAVANA VERDE

Outra ação de fortalecimento das medidas de combate ao desmatamento na Floresta Amazônica em 2017 foi a Caravana Verde. No início do ano, o ministro Sarney Filho realizou uma série de viagens aos estados da Amazônia Legal para fortalecer parcerias, lançar projetos e analisar as ações em curso de proteção ao bioma.

"Eu visitei a Amazônia, tive a oportunidade de conversar com governadores. Nós fizemos uma série de diagnósticos, fui à região conversar com a sociedade civil, assembleia legislativa, associação comercial e produtores. Nosso objetivo era a busca por um caminho para que a gente pudesse combater o desmatamento", diz.
A Caravana Verde de combate ao desmatamento passou, no mês de fevereiro, por Amazonas, Rondônia, Acre, Mato Grosso e Pará. Liderada por Sarney Filho, a equipe contou ainda com os secretários do MMA e com os chefes do Ibama, ICMBio, Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e Agência Nacional de Águas (ANA).

DESMATAMENTO

O desmatamento na Floresta Amazônica apresentou uma estimativa de queda de 16% entre agosto de 2016 e julho deste ano. Os dados foram divulgados em outubro e indicam que o corte raso no bioma corresponde a 6.624 km², 1.269 km² a menos do que o registrado no período anterior.

A redução chega a 76% quando comparada a 2004, ano de criação do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). Segundo as estimativas do Prodes 2017, os estados com maior redução foram Tocantins (55%), Roraima (43%), Acre (34%) e Pará (19%). Os dados consolidados serão divulgados no primeiro semestre de 2018.

Além disso, as unidades de conservação federais também apresentaram redução no desmatamento este ano. A redução foi de 28% entre agosto de 2016 e julho deste ano, segunda menor taxa desde 1997 em relação às unidades de conservação.

 

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