LETÍCIA VERDI
Moradores das terras indígenas e das unidades de conservação de Lábrea, Pauini, Boca do Acre e Humaitá, no Amazonas, terão, a partir de agora, um plano de gestão integrada para toda a região. O documento foi elaborado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), com apoio da Fundação Moore, em parceira com as comunidades envolvidas. “A gestão integrada da região parte das demandas do sul do Amazonas, não foi imposta de fora para dentro”, diz o texto. Ao todo, o processo de elaboração do plano contou com 19 instituições, sendo 17 da sociedade civil e duas governamentais – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Fundação Nacional do Índio (Funai).
A secretária de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Juliana Simões, recebeu o documento das mãos de lideranças indígenas e extrativistas da região na tarde desta terça-feira (24/10), no MMA. “Esse plano só vem para fortalecer a união entre todos os povos pela natureza. O MMA tem total interesse em apoiar e continuar o diálogo sobre o tema”, afirmou.
O líder da Associação dos Moradores Agroextrativistas da Resex Ituxi, Iresmar Duarte, levou à secretária Juliana Simões a preocupação sobre o sustento das famílias que moram nas reservas e nas unidades de conservação. “Precisamos de investimentos na área de infraestrutura e tecnologia para beneficiar os produtos extrativistas, estocá-los corretamente e transportá-los”, explicou.
Na ocasião, a secretária Juliana Simões lembrou aos presentes da chamada pública do Fundo Amazônia, aberta até 7 de dezembro, para consolidação e fortalecimento de cadeias de valor sustentáveis.
Segundo o líder da Organização dos Povos Indígenas Apurinã e Jamamadi, Francisco Ferreira da Silva, as reuniões, oficinas, cursos e seminário de gestão integrada que fizeram parte do processo de construção do plano foram muito importantes. “Proporcionaram uma conscientização educativa, um respeito mútuo para que todos tenham os recursos no futuro”, disse.
LUTAS
A elaboração do plano de gestão integrada representa pacificação em uma zona de conflito histórico. “No começo das reuniões, era muita tensão. Ao longo do processo, a conversa foi mostrando as semelhanças entre as lutas dos indígenas e dos extrativistas e fomos chegando a denominadores comuns”, contou a consultora do IEB Luciene Pohol. O conceito de gestão integrada foi elaborado ao longo da formação, como sendo uma gestão conjunta de UCs e Resex que respeite as diferenças e especificidades.
Entre os objetivos do plano de gestão integrada estão acordos de uso compartilhado e convivência territorial para o sul do Amazonas; formação de lideranças e gestores; fortalecimento de ações estratégicas e vigilância do território, e das atividades econômicas e cadeias de valor regionais; além de ações de fiscalização e controle do território. O documento servirá para orientar as instituições parceiras em relação às ações prioritárias para o avanço da gestão integrada no sul do Amazonas, tendo em vista o desmatamento na região.
Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA)
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