Brasília (DF) ? Todas as idéias e propostas resultantes do seminário Diálogos para um Brasil Sustentável servirão como subsídios à 1ª Conferência Nacional do Meio Ambiente e ainda poderão influenciar o conjunto do governo na elaboração de políticas públicas que levem à sustentabilidade ambiental, econômica, social e cultural. A informação é da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na sessão de encerramento dos Diálogos, nesta sexta-feira, em Brasília.
O seminário Diálogos para um Brasil Sustentável é uma promoção do Ministério do Meio Ambiente em parceria com o físico e teórico de sistemas Fritjof Capra, o Instituto Ecoar para a Cidadania e o Programa Brasil Sustentável e Democrático. O evento se realizou na Academia de Tênis de Brasília e contou com a presença de pensadores e ecologistas nacionais e estrangeiros. Durante a semana, mais de cem especialistas debateram propostas para temas como agroecologia, educação para a sustentabilidade, ecodesign e energias limpas e renováveis.
Para a ministra, o desenvolvimento sustentável já acontece em muitos locais em todo o mundo, citando como exemplo brasileiro o Estado do Acre. Segundo Marina Silva, o Ministério do Meio Ambiente vem trabalhando na inserção da variável ambiental nos programas e projetos de outras pastas. ?O objetivo é fazer com que as questões ambientais sejam observadas já na fase do planejamento, e os Diálogos contribuirão com essa iniciativa?, disse. O MMA vem realizando uma série de agendas bilaterais com outros Ministérios. ?É preciso que se mude o padrão de investimentos em infra-estrutura na Amazônia, por exemplo, casando novas tecnologias com conhecimentos tradicionais e respeito à biodiversidade local?, explicou.
Em seu discurso, o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, criticou a compartimentação como vinham sendo encaminhadas as políticas públicas brasileiras até o momento. ?Era costume termos reuniões centradas em pontos específicos, sem observar o conjunto, as estruturas?, disse. Para ele, o meio ambiente deverá ser uma das premissas básicas para a tomada de decisões em um país como o Brasil, com riquezas naturais e desigualdades sociais. ?A miséria é antiecológica, causa degradação ambiental. Precisamos ampliar os debates e falar também com aqueles que sentem os efeitos do desequilibro econômico?, afirmou.
De acordo com Miguel Rosseto, ministro do Desenvolvimento Agrário, as questões econômicas e de curto prazo têm prevalecido sobre um projeto sustentável e duradouro para o país, levando à marginalização dos temas ecológicos. ?O Brasil tem um histórico de concentração de riquezas, de terras. Nosso desafio político e estratégico é o de vencer essa ?inércia conservadora? e avançar na direção de um verdadeiro desenvolvimento, com sustentabilidade ambiental, econômica e social?.
Segundo Klaus Töpfer, diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que também participou dos Diálogos, nesta sexta-feira, as lideranças globais demoraram 30 anos para começar o debate sobre o desenvolvimento sustentável. O Pnuma foi criado em 1972, após o primeiro encontro global promovido pelas Nações Unidas sobre meio ambiente, em Estocolmo, na Suécia. Para ele, se a humanidade quiser recuperar sua parceria com a natureza, deverá investir em uma nova abordagem por meio de políticas públicas voltadas à superação da pobreza, à mudança nos padrões de produção e consumo, a um real desenvolvimento sustentável. ?As lideranças globais devem oferecer tratados que garantam a cooperação entre ricos e pobres, e que realmente haja benefícios para estes últimos?, salientou.
Conforme o secretário de Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Gilney Viana, responsável pela organização dos Diálogos, o Brasil é herdeiro de um modelo ambiental, econômico e ético insustentável. ?Os Diálogos são um dos instrumentos para essa travessia em direção a um novo país?, disse. Para o governador do Acre, Jorge Viana, o evento é a expressão de Brasil novo, demonstrando que as pessoas querem se unir e debater para mudar a realidade. ?O Homem começa descobrir os limites de sua existência?, completou.
Participaram ainda da abertura da sessão pública dos Diálogos para um Brasil Sustentável o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e presidente da 1ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, Claudio Langone, além de representantes dos ministérios da Agricultura, da Educação, da Cultura, entre outros, do Ibama, de empresas estatais.
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