RENATA MELIGA
A segunda matéria da série em comemoração ao Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), que completa 15 anos em agosto, mostra como a medida mudou a realidade da Reserva Extrativista (Resex) de Cururupu, no Maranhão. Com mais de 185 mil hectares, a Resex é uma das 114 unidades de conservação apoiadas pelo programa. Localizada nas Reentrâncias Maranhenses, na porção Ocidental do litoral, a região possui a maior área de manguezais preservados dentro das unidades de uso sustentável do Brasil.
O diretor do Departamento de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Warwick Manfrinato, adiantou que o Arpa deve aprovar o apoio a novas unidades de conservação ainda neste ano e, com isso, alcançar ou superar a meta de 60 milhões de hectares em 2017. “Temos que administrar com eficiência as nossas áreas florestais protegidas, diante dos desafios associados à perda acelerada da biodiversidade e o Arpa é um ótimo exemplo de como estamos fazendo isso”, destacou o diretor.
MUDANÇAS
Antes de receber apoio do programa, a Resex de Cururupu não contava com sinalização adequada, sofria com a falta de equipamentos para auxílio da gestão e as atividades de proteção eram apenas reativas. Em novembro de 2011, a unidade passou a receber apoio do programa e, nesses seis anos, a situação mudou.
“Atualmente, a Resex está com os principais pontos de acesso sinalizados, conta com o Plano de Proteção implementado, tem equipe técnica gestora mínima e equipamentos básicos para implementação dos programas de manejo. Além disso, o conselho gestor foi capacitado e contribui de forma efetiva para a gestão da unidade de conservação”, explica a analista ambiental Renata Gatti.
Segundo ela, até agora já foram investidos quase R$ 695 mil na unidade, que está em avançado estágio de consolidação. “A Resex vem avançando na consolidação das metas em vários marcos referências do programa. O Plano de Manejo aguarda apenas a finalização dos trâmites para a publicação”, conta.
Para o Programa Arpa, consolidação significa a implantação de uma estrutura mínima de gestão que garanta a integridade das unidades de conservação no curto prazo e viabilize o planejamento de médio prazo. E, com isso, essas áreas podem cumprir as finalidades para as quais foram criadas.
APOIO
A Reserva Extrativista de Cururupu é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e conta com o apoio do Arpa para o desenvolvimento de suas atividades, como as de mitigação de impactos em ambientes vulneráveis.
A coordenadora de Pesquisa e Monitoramento da Resex, Laura Moreira de Andrade Reis, conta que o programa tem contribuído, ainda, para a preservação das espécies que ocorrem na região, como gurijuba, mero e pescada amarela por meio do financiamento de atividades de fiscalização. Além disso, o monitoramento da biodiversidade, que está em fase de implementação, irá contribuir para a conservação de espécies ameaçadas como boto-cinza, peixe-boi e tartarugas marinhas.
“A unidade de conservação mudou muito depois da chegada do Arpa. Hoje, nosso Plano de Manejo está perto de ser publicado e as reuniões do Conselho só são possíveis graças ao programa”, destaca.
PARTICIPAÇÃO POPULAR
O pescador Roberto Wagner Ferreira, 64 anos, vive na Reserva Extrativista desde que nasceu. Preocupado com os habitantes e com o futuro da região, Waguinho, como é conhecido na comunidade de Guajerutiua, umas das 13 ilhas que compõem a reserva, faz parte do Conselho e é diretor fiscal da Associação de Moradores da Resex.
“O programa tem ajudado muito toda a comunidade desde que chegou aqui. Além do apoio com equipamentos que não tínhamos antes, como barco e carro, também recebemos ajuda para participar das reuniões do conselho. O programa paga nossa passagem, alimentação e ajuda a manter a comunidade unida pela mesma causa, que é conservar, preservar e, ao mesmo tempo, melhorar a situação de quem vive aqui”, explica.
Waguinho conta que a comunidade e até os turistas que frequentam a ilha adquiriram mais consciência ambiental. “Hoje, as pessoas evitam jogar lixo no chão. Não é difícil ver turistas levando uma sacolinha quando vão à praia e recolhendo o lixo. Fico muito contente de ver que as coisas estão cada vez melhores e as pessoas mais conscientes”, comemora.
Renata Gatti explica que as unidades recebem apoio para gestão participativa e realização dos acordos de uso dos recursos naturais pelas populações. O objetivo é integrar essas pessoas nas atividades. “Desde a primeira fase, o programa apoia comunidades locais desenvolvendo e implementando estratégias de fortalecimento do uso sustentável dos recursos naturais por estas comunidades”, disse.
O PROGRAMA
Coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e executado em parceria com agências de áreas de proteção federais e estaduais, instituições privadas e sociedade civil, o Arpa é gerenciado financeiramente pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e financiado com recursos do Global Environment Facility (GEF), do governo da Alemanha (KfW), da Rede WWF, Moore Foundation e do Fundo Amazônia, por meio do BNDES, além de empresas como a Anglo American, sempre podendo ser apoiado por outros parceiros que se interessem em participar.
Entre as atividades realizadas em todas as áreas apoiadas pelo programa, estão a elaboração dos planos de manejo e sua implementação, aquisição de equipamentos, melhoria das instalações, regularização da situação fundiária, pesquisa, monitoramento e sinalização.
Lançado em agosto de 2002, o programa tem como meta promover a conservação e proteção permanente de 60 milhões de hectares no bioma amazônico.
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51% do bioma amazônico é apoiado pelo Arpa
Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA): (61) 2028-1227
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