RENATA MELIGA
Mais de mil jovens do município de Codó, localizado a 296 quilômetros de São Luís, no Maranhão, já foram beneficiados pelo projeto Boitatá, ação que tem como objetivo a formação de agentes populares de educação ambiental, além de contribuir para o desenvolvimento rural sustentável. O projeto, financiado pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), faz parte do Programa de Educação Ambiental e Agricultura Familiar (PEAAF), do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Nesta sexta-feira (28/04), o diretor do Fundo, Luiz Augusto de Oliveira Mochel, visitará a região para avaliar as ações desenvolvidas pela Federação das Comunidades de Matriz Africana do Maranhão (Aucac), responsável pela implementação do projeto em Codó. “O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, está priorizando ações como esta, que serão ampliadas em 2018”, disse o diretor.
“Essa é uma ação campeã. Ela abriu portas para outras ações dentro da comunidade e superamos nossas expectativas. A meta era capacitarmos 210 jovens. No entanto, eles voltaram para suas comunidades e começaram a capacitar outros. Com o trabalho desses multiplicadores, cerca de 1.100 pessoas já foram atingidas pelo projeto e estão aptas a contribuir com a comunidade”, conta Marcelo Senzala, 42 anos, presidente da Aucac.
CAMPANHA
Os jovens participantes do programa (com idade entre 16 e 29 anos) também tiveram a oportunidade de fazer cursos de linguagens artísticas e de comunicação, entre eles: áudio, vídeo, fotografia, serigrafia e design gráfico, para colocar em prática campanhas educativas com objetivo de influenciar e mudar a realidade socioambiental na comunidade.
De acordo com Marcelo, já existem sete campanhas em andamento na cidade. Ele explica que os jovens foram divididos em grupos que desenvolvem ações em áreas distintas. O grupo Águia, por exemplo, realiza campanha de conscientização sobre os cuidados e o melhoramento da margem do Rio Itapecuru, responsável pelo abastecimento de 75% da população de São Luís.
Outro exemplo é o grupo Tigre, que desenvolve ações relacionadas à água e ao esgoto. “Fizemos uma parceria com a Embrapa e eles doaram fossas ecológicas para famílias que despejam dejetos no rio. Já recebemos todas as fossas e estamos esperando acabar o período de chuvas para instalar”, informa Marcelo.
Os integrantes do grupo “Eco forte e sua Natureza” são responsáveis pela coleta seletiva. Os integrantes, além de fazerem campanhas nas casas e nas escolas da comunidade, também conseguiram uma parceria com a prefeitura que irá viabilizar um veículo para a coleta seletiva nas comunidades.
“Cada um desses grupos tem uma importância muito forte. A intenção é chamar e incentivar a população a participar. A luta não é só nossa que fazemos parte do projeto. É de todos nós”, ressalta o coordenador do projeto Boitatá.
Ele destaca ainda que várias pessoas que não fazem parte oficialmente do programa e se voluntariaram após ver o empenho dos jovens “Não fazemos nenhum tipo de discriminação de idade. Quando alguém quer ser voluntário, a gente abraça. A ideia é unir a experiência com a juventude”.
SISTEMINHAS
Desde o início do programa, 14 projetos já foram executados dentro da comunidade. Um deles é o Sistema Integrado Alternativo para Produção de Alimento, desenvolvido pela Empresa brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Também conhecido como “Sisteminha”, o projeto segue um modelo agrícola sustentável, com aproveitamento de materiais disponíveis nas regiões de implantação. A tecnologia consiste no tripé peixe, aves e húmus, em associação com outras atividades da cadeia alimentar, como a cultura de hortaliças e frutas, por exemplo.
Em Codó, já foram implementados 12 “Sisteminhas”, que contribuem para a segurança alimentar da comunidade, além de possibilitar um incremento na renda, já que o excesso da produção também pode ser comercializado.
"Sisteminha": projeto modelo de agricultura sustentável (Foto: Alex Bernal)
REALIDADE
Ao explicar a importância do programa, o diretor do FNMA fala sobre a realidade enfrentada pelas famílias mais pobres dessa região, onde jovens quilombolas já não querem permanecer em suas comunidades e o êxodo rural, em direção às periferias dos centros urbanos, se agrava. “As técnicas de cultivo utilizadas não são capazes de fazer a terra produzir o suficiente para que a comunidade desfrute de um mínimo de segurança alimentar, e o uso indiscriminado de agrotóxicos tem provocado a deterioração da saúde de todo o grupo social”, disse.
No entanto, segundo o analista ambiental do Departamento de Educação Ambiental do MMA, Alex Bernal, o Programa de Educação Ambiental e Agricultura Familiar é uma forma do MMA apoiar a agricultura sustentável e, consequentemente a produção de água. “Antes do programa não havia política de educação ambiental direcionada a esse público e essas ações são respostas às demandas dessas populações”, destaca Bernal.
O projeto Boitatá está em fase final de execução, devendo ser concluído em setembro deste ano. Atualmente, 12 projetos de educação ambiental para agricultura familiar são acompanhados pelo MMA. Eles fazem parte do edital FNMA de nº 01/2013 e são desenvolvidos em vários estados.
Conheça as instituições com projetos contemplados:
1) Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (AM)
2) Prefeitura Municipal de Guarapuava (PR)
3) Governo do Estado de Mato Grosso (MT)
4) Prefeitura Municipal de Sinop (MT)
5) Secretaria de Meio Ambiente da Bahia (BA)
6) Prefeitura Municipal de Maracanaú (CE)
7) Prefeitura Municipal de Piquet Carneiro (CE)
8) Federação das Comunidades de Matriz Africana do Maranhão (MA)
9) Universidade Federal do Vale do São Francisco (PE)
10) Universidade Federal de Juiz de Fora (MG)
11) Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (MG)
12) Instituto Socioambiental (SP)
SAIBA MAIS:
Programa de Educação Ambiental e Agricultura Familiar - PEAAF
Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA): (61) 2028-1227/ 1311/ 1437
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