ELIANA LUCENA
O Ministério do Meio Ambiente quer estender o programa Cultivando Água Boa (CAB), desenvolvido em 29 municípios do Paraná pela Itaipu Binacional e parceiros, à Bacia do Rio São Francisco, que enfrenta uma séria crise hídrica, e dar apoio efetivo ao programa do CAB na Bacia do Rio Descoberto, que abastece 67% da água consumida no Distrito Federal. No DF, este programa de gestão da água teve início em 2015.
A informação é do secretário de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental do MMA, Jair Tannús, que visitou o projeto em quatro municípios do Oeste do Paraná, acompanhado do secretário de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, Edson Duarte.
“O projeto foi eleito pela ONU-Água como a melhor prática de gestão da água em 2015, e tem dado excelentes resultados a partir de diversas ações socioambientais envolvendo os órgãos públicos, as comunidades e parceiros”, afirmou Jair Tannús. Ele enfatizou ainda, que a crise hídrica é uma das principais preocupações do ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho.
As ações coordenadas por um comitê gestor envolvem, entre outras iniciativas, educação ambiental, recuperação de nascentes, coleta seletiva do lixo e organização dos catadores, proteção de matas ciliares e unidades de tratamento de dejetos de animais para produção de energia.
O secretário elogiou a iniciativa, e observou que em todas as reuniões de Comitês de Bacias das quais tem participado, sempre cita o Cultivando Água Boa como exemplo a ser seguido. “Tive amor à primeira vista ao programa”, afirmou.
“Nesta viagem procuramos entender a metodologia aplicada pelo programa e os resultados práticos já obtidos, visando aplicá-los em bacias que enfrentam graves problemas diante da crise hídrica. Inicialmente, elegemos a Bacia do São Francisco, que começou a receber a atenção do governo por meio do programa Novo Chico”, explicou Jair Tannús.
Na Bacia do Descoberto, o reservatório enfrenta hoje uma situação crítica, com menos de 20% de sua capacidade total, por isso o MMA quer apoiar o programa já em andamento nas ações de recuperação de microbacias e de educação ambiental.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O secretário Edson Duarte ressaltou que o programa atende os objetivos da ONU na aplicação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
“O trabalho desenvolvido nos municípios do Oeste do Paraná cumpre essas determinações e a experiência reverbera para outros estados”, afirmou o secretário. Para ele, o trabalho desenvolvido pela Itaipu na Bacia do Paraná 3 e em outros estados é “fantástico”, especialmente por envolver também as prefeituras.
Os secretários do MMA foram recebidos pelo diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek, e pelo diretor de coordenação, Nelton Friedrich. Depois, junto com o secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná, Antonio Carlos Bonetti, e técnicos, conheceram os projetos em execução nos municípios de Toledo, Itaipulândia, Ouro Verde do Oeste e São José das Palmeiras.
Jorge Samek afirmou, durante o encontro, que a região sofreu uma transformação positiva nos últimos anos. “Sem dúvida, o CAB foi responsável por um grande impulso nos 16 municípios que recebem royalties da Itaipu, bem como as demais cidades da bacia”, afirmou Samek.
“Prova disso são os excelentes resultados das ações práticas e de natureza coletiva que têm possibilitado vários benefícios, tanto ambientais, como na melhoria de vida para as comunidades que residem nas microbacias atendidas pelo programa”, disse o diretor-geral.
O secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná, Antonio Bonetti, adiantou que a pasta que dar mais ênfase à educação ambiental, tema com o qual o CAB possui vasta experiência nas próximas etapas do programa. “Vamos promover seminários descentralizados regionais, começando por Francisco Beltrão, no Sudoeste do estado, e acredito que podemos fechar outros encaminhamentos a partir desta visita”, afirmou.
Edson Duarte, Antonio Carlos Bonetti e Jair Tannús (foto: Rubens Fraulini/Itaipu Binacional)
CULTIVANDO ÁGUA BOA
O Cultivando Água Boa é uma ampla iniciativa socioambiental implantada pela Itaipu Binacional a partir de 2003. O programa reconhece a água como recurso universal e, portanto, um bem pertencente a todos. Trata-se de uma estratégia local para o enfrentamento de uma das mais graves crises com as quais a humanidade já se defrontou: as mudanças climáticas, que põem em risco a sobrevivência humana e estão diretamente relacionadas com a água e seus usos múltiplos (a produção de alimentos e de energia, o abastecimento público, o lazer e o turismo).
Para prevenir essas alterações no clima, o programa estabeleceu uma rede de proteção dos recursos da Bacia Hidrográfica do Paraná 3. O movimento de participação permanente envolve a atuação de aproximadamente 2 mil parceiros, dentre órgãos governamentais, ONGs, instituições de ensino, cooperativas, associações comunitárias e empresas.
Atualmente, são desenvolvidos 20 programas e 65 ações fundamentadas nos principais documentos internacionais na área socioambiental. As ações vão desde a recuperação de microbacias e a proteção das matas ciliares e da biodiversidade, até a disseminação de valores e saberes que contribuem para a formação de cidadãos dentro da concepção da ética do cuidado e do respeito com o meio.
Em 2005, o reconhecimento mundial do Cultivando Água Boa foi comprovado com a conquista do prêmio Carta da Terra (Earth Charter + 5), entregue em Amsterdã, Holanda.
Os programas são os seguintes:
• Educação Ambiental
• Valorização do Patrimônio Institucional e Regional
• Gestão por Bacias
• Infraestrutura Eficiente
• Biodiversidade, Nosso Patrimônio
• Desenvolvimento Rural Sustentável (agricultura familiar, agricultura orgânica e plantas medicinais)
• Produção de Peixes em Nossas Águas
• Sustentabilidade de Segmentos Vulneráveis (comunidades indígenas, jovem jardineiro e coleta solidária)
• Monitoramento e Avaliação Ambiental
• Saneamento da Região
Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA): (61) 2027-1227
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