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Bolsa Verde garante inclusão na floresta

Em Cazumbá-Iracema, no Acre, ministro Sarney Filho entrega certificados do Pronatec a 200 pessoas da reserva extrativista.

Publicado: Sexta, 10 Fevereiro 2017 17:30
Crédito: Gleison Miranda/Secom-AC Comunidade de Cazumbá-Iracema Comunidade de Cazumbá-Iracema

LETÍCIA VERDI

Enviada especial a Cazumbá-Iracema (AC)

O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, entregou nesta sexta-feira (10/02) 200 certificados do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) aos moradores da reserva extrativista Cazumbá-Iracema, no município Sena Madureira (AC). A cerimônia marca a passagem da Caravana Verde de combate ao desmatamento pelo Acre. O objetivo é visitar os estados da Amazônia Legal para garantir a conservação do bioma.

Fotos da cerimônia

Na cerimônia, Sarney Filho deu ênfase ao programa Bolsa Verde e às comunidades extrativistas. "Essa será a nossa pauta número um na Amazônia", declarou o ministro. A intenção do Ministério do Meio Ambiente é ampliar, junto ao Ministério da Educação, as vagas do Pronatec Bolsa Verde, segundo informou a secretária de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, Juliana Simões.

Os beneficiados pelo programa se formaram em cursos como os de agricultor agroflorestal e administrador de empreendimentos florestais. Sarney Filho destacou a importância de investimentos em educação junto aos povos da floresta. "Vamos combater o desmatamento dando alternativas para melhorar a qualidade de vida das pessoas, e não só com poder de polícia e repressão", defendeu. 

MELHOR GESTÃO

O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ricardo Soavinski, citou relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) que considerou a Resex Cazumbá-Iracema como a de melhor gestão e maior grau de implementação entre as unidades de conservação federais. 

Para prestigiar a ação, 300 extrativistas que moram na reserva compareceram à cerimônia. Alguns, habitantes de áreas mais isoladas, viajaram oito horas de canoa para chegar ao evento. O líder comunitário e um dos fundadores da Resex, Aldeci Cerqueira Maia, conhecido como Nenzinho, abriu a cerimônia destacando a coragem necessária para enfrentar as dificuldades que envolvem a criação de uma reserva na Amazônia.

Segundo ele, o segredo do sucesso da Cazumbá são as parcerias entre os gestores federais, estaduais e municipais com os moradores e a sociedade civil. "Empoderar a comunidade a ser responsável pelo próprio território é melhor do que investir em fiscalização", afirmou.

PRODUÇÃO DE MEL

Além dos certificados, foram entregues caixas de abelhas sem ferrão para a comunidade. "Um litro do mel dessas abelhas é vendido a 320 reais no Rio de Janeiro. É um produto extrativista com muito valor agregado", disse o governador do Acre, Tião Viana. 

Tailan Lima Nunes, 20 anos, fez o curso de meliponicultor de 160 horas. Aprendeu a trabalhar com a abelha sem ferrão, que produz um mel especial, típico da região. "Estudos comprovam que as abelhas são fundamentais para polinização e a sobrevivência da sociobiodiversidade", explicou. "Minha família vai trabalhar com produção de mel agora".

O gestor da Resex do Cazumbá-Iracema, Thiago Juruá, destaca a importância da presença do ministro e das autoridades na entrega dos certificados do Pronatec Bolsa Verde na reserva. "Valorizar o trabalho que vem sendo desenvolvido aqui com cursos profissionalizantes nos motiva a continuar", comemorou. Ele lembrou, ainda, que a Resex completa 15 anos em 2017. "Isso nos mostra que estamos no caminho certo, contribuindo para o fortalecimento das políticas públicas nas unidades de conservação".

A RESERVA

Criada em 19 de setembro de 2002, a Reserva Extrativista Cazumbá-Iracema tem mais de 750 mil hectares de área e está localizada nos municípios de Sena Madureira e Manoel Urbano. Ao todo, 350 famílias residem na unidade de conservação e 84 famílias são beneficiárias do programa Bolsa Verde. As principais atividades dos moradores são o extrativismo da seringa, castanha-do-Brasil, açaí e copaíba. O plantio da mandioca também tem um papel relevante na economia das famílias.

O Programa Bolsa Verde tem como objetivos principais o incentivo a conservação dos ecossistemas, a promoção da cidadania, melhoria das condições de vida e a elevação da renda da população em situação de extrema pobreza. Os beneficiários recebem R$ 300 a cada três meses. Apesar da transferência ter um impacto considerável na economia dos extrativistas, as garantias se dão por meio da articulação do Bolsa Verde com outras políticas de inclusão produtiva. Entre elas, o Pronatec Bolsa Verde.

 

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