WALESKA BARBOSA
Por causa das alterações no volume de chuvas e da elevação de temperatura, o Pantanal pode passar por eventos climáticos extremos, como secas e alagamentos, nos próximos anos. O dado faz parte de pesquisa inédita do Ministério do Meio Ambiente (MMA), realizada em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O levantamento foi apresentado no seminário Indicadores de Vulnerabilidade à Mudança do Clima, que ocorreu nesta quarta-feira (30/11), em Campo Grande (MS). Faz parte de um projeto que visa à elaboração de um modelo de análise da vulnerabilidade dos municípios em relação aos impactos da mudança climática global.
Os estados do Espírito Santo, Pernambuco, Paraná, Maranhão, Amazonas e Mato Grosso do Sul, representativos por bioma, também fazem parte do projeto.
POLÍTICA ESTADUAL
No estudo, 79 cidades do Mato Grosso do Sul foram analisadas. Com isso, o levantamento deve subsidiar a implementação do Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA), coordenado pelo MMA, e orientar as políticas dos governos estaduais visando à proteção da população em seus territórios.
De acordo com a gerente do Departamento de Licenciamento e Avaliação Ambiental do MMA, Celina Xavier de Mendonça, o objetivo é mensurar a vulnerabilidade das pessoas em relação à mudança do clima. “As informações nos dão possibilidades de agir”, explicou.
A técnica Lia Cruz, da Secretaria de Mudanças Climáticas do Ministério, participou do seminário, onde apresentou o PNA. “Destaquei o seu processo de elaboração, realizado de forma colaborativa entre governo, especialistas e sociedade civil”, disse.
RESULTADOS
De acordo com os dados coletados, a porção norte do estado de Mato Grosso pode apresentar um aumento de até 5,8°C graus na temperatura e uma redução de até 19% no volume de chuvas nos próximos 25 anos. Já a porção sul corre o risco de ser a mais afetada em relação ao número de dias secos consecutivos no ano, índice chamado de CDD.
Na parte leste do estado, a pluviosidade pode reduzir até 17,6% e a capital, Campo Grande apresentar uma elevação de 5,4°C na temperatura e uma redução de 8,3% na precipitação. Em relação ao número de dias seguidos sem chuva, a capital pode ter uma diminuição de 5,4%.
Em todo o estado pode haver diminuição na pluviosidade, variando entre 2,3% e 19,3%. Em relação aos dias mais secos, na porção sul do Mato Grosso do Sul o aumento dos dias seguidos sem chuva pode chegar a 12,6%.
DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS
As mudanças climáticas podem influenciar a dinâmica de algumas doenças, principalmente as transmissíveis. Fatores como temperatura e precipitação podem interferir no ciclo reprodutivo de insetos transmissores de enfermidades.
Para o estudo do Mato Grosso do Sul, o projeto avaliou o peso da dengue, leptospirose, leishmaniose tegumentar americana e visceral sobre a população, além de considerar também o índice de mortalidade infantil por doenças intestinais e ataques de animais peçonhentos e venenosos (aranha, escorpião e serpente).
Todos os resultados da pesquisa serão disponibilizados em uma publicação prevista para ser lançada no primeiro semestre de 2017.
Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA): (61) 2028-1227
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