Belém (PA) ? O ministro interino do Meio Ambiente, Claudio Langone, disse que o Ministério do Meio Ambiente irá apoiar a Central Nova Amafrutas, do Pará, para encontrar as melhores soluções em questões como licenciamento ambiental, destinação de resíduos e criação de uma unidade de conservação. Langone visitou a unidade produtora, no município de Benevides, no último sábado (12). "O Ministério tem o dever de apoiar e trazer para o âmbito das políticas públicas as boas experiências construídas pela sociedade", salientou.
A Central Nova Amafrutas, primeira cooperativa de fruticultura do Pará, integra três cooperativas de trabalhadores e agricultores familiares, somando mais de mil famílias em 28 municípios paraenses. Seus objetivos são gerar trabalho e renda, melhorar as condições de vida dos associados e ainda incentivar a cidadania, observando os princípios do desenvolvimento sustentável. Atualmente, a Central produz suco concentrado de maracujá, exportado para Estados Unidos, Canadá e Europa. Ainda este ano as culturas devem ser diversificadas, com laranja, abacaxi, açaí e acerola. A Amafrutas mantém ainda a Escola para o Desenvolvimento de Negócios Sustentáveis na Amazônia (Densa), responsável por atividades de pesquisa, capacitação técnica e formação dos sócios da cooperativa.
No encontro, o presidente da cooperativa, Max Raimundo Pontes, pediu auxílio do Ministério para resolver questões como: licenciamento ambiental das pequenas propriedades que fornecem insumos à indústria; encontrar um destino ambientalmente adequado aos resíduos da atividade, principalmente restos de frutas; efetivação de um parque ecológico, com 450 hectares; que a Amafrutas possa ser contemplada com recursos do programa Proambiente. "Temos que obter retorno econômico, melhorar a qualidade de vida, mas, ao mesmo tempo, trabalhar muito pela preservação ambiental", explicou Pontes.
Segundo Langone, será marcada uma reunião para debater as melhores saídas para as questões apresentadas pela Amafrutas. Sobre o licenciamento ambiental, ele acredita ser possível o licenciamento conjunto do projeto, e quanto aos resíduos da produção industrial, existe a possibilidade de transformação em adubo ou insumo para outro processo. De acordo com o ministro interino, a Central reúne os preceitos para que se torne um projeto piloto do Proambiente (Programa de Desenvolvimento
Sustentável da Produção Familiar Rural da Amazônia), já desenvolvido em 12 pólos na região. E sobre a criação de um parque ecológico, em 450 dos 800 hectares da sede da Amafrutas, Langone explicou que isso deverá ser encaminhado em parceria com o Museu Emílio Goeldi, do Pará.
A Central Nova Amafrutas é um exemplo vivo da viabilidade da produção familiar na Amazônia. As mais de mil famílias ligadas à cooperativa ainda produzem da forma tradicional, com insumos químicos e agrotóxicos. O secretário-geral da Amafrutas, Avelino Ganzer, que há 30 anos deixou o Rio Grande do Sul em direção ao Pará, explica que o uso de venenos se deve em grande parte à "invasão" de sementes de outras regiões do país, mais adaptadas às necessidades da indústria na época. "O maracujá nativo é menor, produz quantidade menor de poupa. Há cerca de uma década, foi introduzida uma variedade vinda do sudeste, maior e com mais polpa", lembra. Com a variedade exótica cresceu a incidência de pragas e o uso de agrotóxicos. "Estamos trabalhando em um projeto de conversão, substituindo a produção pela espécie nativa e eliminando gradualmente o uso de agrotóxicos".
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita a cooperativa no dia 20 de agosto, quando deverá anunciar verbas para ampliação da atividade. Até 2008, a Central Nova Amafrutas pretende elevar a produção para até 150 mil toneladas/ano de suco de frutas, como manga, limão, tangerina, mamão, melão, melancia, cajú, maracujá e goiaba. O faturamento esperado é de R$ 35 milhões/ano.
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