WALESKA BARBOSA
O Programa de Valorização do Jaborandi, realizado pelo Grupo Centroflora, de São Paulo, venceu o Prêmio Nacional da Biodiversidade (PNB), na categoria Empresa. Um ano depois, Paula de Moura, coordenadora do Departamento de Sustentabilidade da entidade, avalia a importância da vitória. “Um prêmio vindo do Ministério do Meio Ambiente tem um impacto forte na nossa reputação e dá credibilidade às ações que desenvolvemos”.
Em um momento difícil da economia, ela acredita que a atividade ganhou um apoiador recentemente em função da chancela recebida. “Fizemos uma ampla divulgação da notícia e temos certeza de que a nova parceria aconteceu muito em função desse primeiro lugar”, avalia.
O Programa de Valorização do Jaborandi tem como objetivo a preservação da biodiversidade, manejo, produção, comercialização sustentável da espécie e a criação e fortalecimento de cooperativas e associações de extrativistas.
Teve início em 2009, quando o Centroflora estava entrando no mercado do jaborandi (Pilocarpus microphyllus) para extrair pilocarpina, um ativo usado pela indústria farmacêutica, principalmente na fabricação de colírio para tratamento do glaucoma, e percebeu gargalos que podiam ameaçar os negócios e a preservação da planta, considerada em risco de extinção.
“Na época, a colheita não era feita por galhos. A planta inteira era arrancada da terra, prejudicando sua reprodução. Outro problema era que os trabalhadores ganhavam pouco porque havia os atravessadores que ficavam com a maior parte dos lucros”, conta Paula.
TÉCNICAS DE MANEJO
O Programa de Valorização do Jaborandi investiu em capacitações, com atenção especial para o ensino de uma técnica correta de poda, galho a galho, com tesouras apropriadas. “A gente não tinha conhecimento de como fazer e maltratava muito a planta, arrancando de qualquer jeito. Hoje fazemos seu manejo de forma sustentável”, explica o folheiro Gilson Moraes, cooperado e diretor financeiro da Cooperativa dos Extrativistas da Flona de Carajás (Coex-Carajás).
Aos 33 anos, o paraense está na atividade desde os onze e fala com o orgulho das mudanças que vieram após o trabalho do Centroflora e parceiros. “Eles foram para lá, viram como a gente trabalhava, fizeram várias reuniões e deram início às capacitações”, relembra.
Para garantia de uma renda justa aos folheiros, o programa investiu na formação de associações e cooperativas, para diminuir ou mesmo excluir a presença dos atravessadores, fortalecendo a economia solidária. “A negociação dos preços, a cada safra, é feita diretamente com as cooperativas, respeitando-se características locais”, explica Paula. “Os extrativistas hoje são cooperados que trabalham para eles mesmos”, comemora. A empresa compra cerca de 250 toneladas anuais de folhas de jaborandi, a um preço que chega a R$ 9 por quilo.
“Hoje temos muitas vantagens, conhecimento do lucro, venda por um preço razoável e tudo fica nas cooperativas. Foi uma melhora de 100%, posso garantir”, diz Gilson. Para ele, o Prêmio Nacional da Biodiversidade é um reconhecimento dos esforços de todos os envolvidos. “Estou muito feliz, o prêmio foi muito bom, foi ótimo”.
O programa envolve 500 famílias nos três pólos de atuação, no Pará, Maranhão e Piauí, onde está sediada a Unidade Farmoquímica do Centroflora.
RECONHECIMENTO
Iniciativas, atividades e projetos concluídos ou em estágio avançado de execução, que apresentem resultados e impactos comprovados para a melhoria do estado de conservação da biodiversidade brasileira, podem participar da segunda edição do Prêmio Nacional da Biodiversidade (PNB).
As inscrições estão abertas até 22 de outubro. A iniciativa é coordenada pela Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (SBF/MMA). Tem como objetivo reconhecer ações que se destacam na contribuição para o alcance das Metas Nacionais de Biodiversidade.
Em sua segunda edição, o PNB contempla sete categorias: Sociedade Civil, Empresas, Iniciativas, Comunitárias, Academia, Órgãos públicos, Imprensa e, Ministério do Meio Ambiente. A Comissão Julgadora selecionará três finalistas e um vencedor em cada categoria, de acordo com os seguintes critérios: estado de conservação da espécie; impacto; caráter social; e inovação.
PREMIAÇÃO
Os vencedores serão agraciados com troféu e certificado, em solenidade no dia 22 de maio de 2017, em Brasília-DF, quando se comemora o Dia Internacional da Biodiversidade. Também será concedido o Prêmio Especial “Júri Popular”, cujo resultado é definido por votação eletrônica no sítio do MMA.
São elegíveis iniciativas que promovam a manutenção ou a mudança para uma categoria de menor risco de extinção da espécie ou demonstrem evidências claras que comprovem o alcance de, ao menos um, dos seguintes itens: Redução do declínio ou aumento do tamanho da população; redução da fragmentação ou aumento da conectividade entre as subpopulações; ampliação da área de distribuição da espécie, mesmo que seja por identificação de novas áreas ou; redução das ameaças às populações das espécies.
CRONOGRAMA:
Inscrições: 30 de junho de 2016 a 22 de outubro de 2016
Avaliação: até 18 de abril de 2017
Divulgação dos finalistas: 22 de abril de 2017
Cerimônia de premiação: 22 de maio de 2017
Acesse o Edital (Edital nº 1, de 28 de junho de 2016)
Informações adicionais:
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Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA): (61) 2028-1227
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