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Desmatamento na Amazônia ganha página na Internet

Publicado: Domingo, 06 Julho 2003 21:00 Última modificação: Domingo, 06 Julho 2003 21:00

Brasília (DF) - Num dos mais ousados trabalhos sobre o desmatamento na Amazônia, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) lança nesta segunda-feira, na Internet, uma página dedicada ao tema desmatamento e ações nocivas sobre uma floresta tropical. O objetivo é democratizar as informações e criar novos acessos aos dados sobre as atividades na maior e mais estudada floresta de todo mundo. "Esse é o cumprimento de uma das primeiras medidas anunciadas para auxliar a conter o desmatamento na região", disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. A página pode ser acessada no endereço http://www.obt.inpe.br/prodes.

O site revela a nova metodologia utilizada no monitoramento da Amazônia Legal, principalmente no 'Arco do Desflorestamento'. O levantamento produzido pelo Inpe apresentará as áreas de degradação de maneira pontual. Desta maneira, será revelado o Estado, a região e a localidade onde ocorre a derrubada da floresta.

O site trará informações inéditas, entre elas o alto nível de detalhes do desmatamento, que possibilitará análises mais completas sobre esse processo. Os dados chegam a revelar aspectos como a localização específica das ações degradatórias. Seja em municípios, áreas agrícolas e pecuárias, assentamentos populacionais, áreas indígenas e de extração de madeira ou mesmo em locais de grande biodiversidade.

Agropecuária tem aumentando desmatamento

A previsão do desmatamento da Amazônia no período de 2001 a 2002 é de 25 mil quilômetros quadrados, segundo dados do Inpe. Deste total, 70% ocorrem no "Arco do Desmatamento", que engloba o norte do Mato Grosso, o Tocantins, o oeste do Maranhão, e os estados do Pará e Rondônia.

Mas não é só o desmatamento que provoca destruição na floresta. Levantamento apresentado pelo secretário da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Gilney Viana, prevê para esse ano a expansão de 1,1 milhão de hectares no cultivo de culturas agrícolas na região. Desse total, 69% são de plantação de soja, seguida pelos cultivos de milho e arroz. O documento mostra, ainda, a mancha das pastagens para a pecuária, que está numa faixa desde o Acre até o Maranhão.

De acordo com o secretário Gilney Viana, em algumas áreas do estado do Acre, devido ao crescimento do número de bovinos, é possível inferir que o desmatamento da região esteja associado à expansão pecuária. Em outras áreas está ocorrendo a conversão da pecuária para a agricultura. É o que ocorre no Vale do Araguaia e no sudeste do Pará, nos municípios de Conceição do Pará e São José do Xingu. Estas eram áreas tradicionais de expansão da pecuária que estão se convertendo para a plantação de soja.

Dados preliminares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que a agricultura na região está se expandindo numa proporção maior do que a média brasileira. A variação da área plantada para a região Norte é de 12,09%, e para o Centro-oeste é de 15,08%, enquanto a média brasileira fica em 8,67%. A expansão de pastagem plantada no período de 1970 a 1996 na Amazônia Legal foi de 512%, enquanto no Brasil o índice ficou em 203%. A plantação de soja, que era restrita ao Mato Grosso, está avançando em outras áreas na Amazônia. O secretário destacou que o oeste do Maranhão, hoje, apresenta-se como uma área próspera para a colheita da soja. Comparando com a safra anterior, a previsão é que o estado maranhense plante 10% a mais.

No setor pecuário, os estados que mais cresceram foram o Acre e Rondônia. O rebanho acreano apresentou uma evolução de 308% no período entre 1992 a 2001. Em Rondônia houve um aumento de 131%, seguido pelo Mato Grosso, com 96,%, bem acima da média da região que foi de 72,8%, e muito superior à média Brasil, 14,3%. O secretário avalia que a pecuária brasileira está se deslocando para a Amazônia, no Vale do Madeira e no município de Boca do Acre, extremo oeste do estado do Amazonas.

Para Gilvey Viana, com base nesses números, pode-se afirmar que a atividade agropecuária é a grande responsável pelo desmatamento na Amazônia. Para formar pastagens e preparar o solo para o plantio, os agricultores acabam desmatando as florestas sem critério, de forma aleatória. Diante dessa situação, o governo e os produtores têm agora o desafio de buscar formas para aliar a produção à preservação ambiental.

Para o secretário, um dos instrumentos de preservação da região é o ordenamento territorial, como o zoneamento ecológico econômico e a regularização fundiária. Outra medida é o uso do crédito oficial, através do Fundo do Centro-oeste (FCO) e do Fundo Norte (FNO) para incentivar atividades produtivas que causem menos impacto e não provoquem o desmatamento.

Na semana passada, Viana defendeu a votação da Medida Provisória de 1996, que estabelece critérios para o desmatamento em áreas produtivas. Segundo ele, os produtores consideram irreal a destinação de 20% para a reserva legal. Em áreas de vocação agrícola, o ideal, para o setor rural, seria 50%. Os agricultores reivindicam também uma regra firme para o desmatamento.

No final desse mês, a ministra Marina Silva viajará para o Mato Grosso, onde terá várias reuniões. Estão marcados encontros com os produtores de soja e com os madeireiros do estado. Segundo Viana, ?é preciso definir definitivamente ouvindo todos os interessados para buscar alternativas que protejam a Amazônia, sem comprometer a produção e a geração de emprego e renda?, concluiu. (Cristina Guimarães)

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