Jeremoabo (BA) - A população de araras-azuis-de-lear (foto) no sertão da Bahia aumentou 5% nos últimos 12 meses. De 412, a população saltou para 455 indivíduos, conforme dados do novo censo da espécie, nos municípios de Jeremoabo e Canudos, no nordeste do Estado.
O levantamento foi coordenado pelo do Centro de Pesquisa para a Conservação de Aves Silvestres (Cemave) do Ibama. A arara-azul-de-lear é considerada uma das aves mais ameaçadas de extinção em todo o mundo. Além da população selvagem na Caatinga baiana, restam apenas 41 araras dessa espécie em cativeiro.
De acordo com o biólogo João Luis do Nascimento, chefe do Cemave, a recuperação da população das aves se deve à intensificação dos trabalhos de campo realizado com a espécie em sua área de ocorrência.
Segundo ele, a presença de pesquisadores em tempo integral, as campanhas de fiscalização e o envolvimento das comunidades com a conservação são fatores que ajudam a inibir o tráfico, tido como a principal ameaça para a espécie.
Em 1988, a população de araras-azuis-de-lear na natureza chegou ao alarmante número de 170 indivíduos. A captura ilegal das aves, destinada ao mercado internacional, foi um dos principais motivos que quase levaram a espécie à extinção. Além do tráfico, a degradação ambiental da Caatinga também empurrou as raríssimas araras para a situação de risco. Seu principal alimento, a palmeira do licuri, também tornou-se escasso no sertão devido ao pastoreio e ao manejo inadequado da Caatinga, um bioma pouco conhecido mas bastante ameaçado.
Com os dados obtidos pelo Projeto de Conservação da Arara-Azul-de-Lear, espera-se poder colaborar para o estabelecimento de práticas agropastoris sustentáveis. Do ponto de vista científico, a principal meta a partir de agora é a ampliação do conhecimento sobre a biologia reprodutiva da espécie. ?Ainda não se sabe quantos ovos cada fêmea produz na reprodução, o número de filhotes que nascem, as perdas naturais e outros dados importantes para o estabelecimento de estratégias de proteção? explica o chefe do Cemave.
As araras fazem os ninhos em paredões de arenito muito altos, quase inacessíveis aos pesquisadores. Para chegar a eles, os biólogos ligados ao projeto estão sendo treinados em cursos de rappel, o que facilitará o acesso dos estudiosos. O Ibama dotará de infra-estrutura a Estação Ecológica do Raso da Catarina, unidade de conservação que encontra-se na área de ocorrência da arara-azul-de-lear. Com a instalação de novas bases de apoio do trabalho de campo será possível intensificar a fiscalização.
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