LUCIENE DE ASSIS
É urgente, no Brasil, promover a integração nacional da gestão e das políticas urbanas com as ambientais. A proposta é do arquiteto e urbanista José Marques Carriço, doutor em Planejamento Urbano e Regional e mestre em Estruturas Ambientais Urbanas pela Universidade de São Paulo (USP). Ele defendeu sua tese ao apresentar o seminário Cidades Portuárias, no Ministério do Meio Ambiente (MMA), em Brasília, nesta terça-feira (12/04).
O evento, organizado pela equipe da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do MMA a pedido da ministra Izabella Teixeira, tem o objetivo de definir propostas destinadas à formulação de uma política pública que integre desenvolvimento urbano à questão ambiental. Segundo Carriço, “esse olhar é decisivo e fundamental”, em um país que já tem uma taxa de urbanização superior a 84%.
Servidor da prefeitura de Santos, José Marques Carriço contou que ensina aos seus alunos sobre a importância de se planejar os espaços urbanos tomando por base o manejo da densidade populacional e considerando a mobilidade urbana, os deslocamentos para o trabalho, o saneamento básico, a poluição, o estresse e os desgaste dos recursos naturais, entre outros aspectos.
SEM LUZ, SEM VENTO
Ele citou como exemplo negativo a maneira desordenada como são erguidos prédios gigantescos, que acabam prejudicando a luminosidade natural e a chegada do vento para os que ficam na retaguarda, formando um verdadeiro paredão de concreto. “Essa verticalização inadequada aliada à alta densidade populacional gera baixo conforto ambiental, baixa eficiência energética, pois o desenho urbano influencia na qualidade ambiental das cidades”, insistiu Carriço.
Sugeriu, como parte da solução, adotar uma regulamentação urbanística construída sob a ótica de estratégias de sustentabilidade, erguendo-se prédios em forma de envelopes solares com distância mínima entre um e outro. Entre os bons exemplos a serem seguidos, o arquiteto citou as construções e os sistemas de drenagem da água da chuva adotados em cidades da Austrália, Estados Unidos e Reino Unido.
Sobre os portos, Carriço lembrou que as instalações, embarcações e as operações portuárias são fontes determinantes dos impactos gerados no meio ambiente. E mostrou o que ocorre no porto de Santos, cuja zona costeira sofre com erosão, assoreamento, alteração na linha da costa e modificação ou supressão da paisagem natural, realidades sem uma solução possível a médio prazo.
O MMA realizará outros três eventos dessa natureza, em datas a definir, para compor os subsídios para novas políticas públicas que aliem urbanismo e meio ambiente.
Edição: Alethea Muniz
Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA): (61) 2028-1165
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