Por: Luciene de Assis - Edição: Alethea Muniz
Xerimbabo, na língua tupi, significa “coisa muito querida”. É assim que os índios se referem aos animais selvagens que transitam livremente pelas florestas. E foi essa a lição que o pequeno Apoena procurou ensinar ao menino Joãozinho, que adorava caçar pássaros com boleadeira, também conhecido como estilingue, na infância, por puro prazer.
Essa historinha se baseia em fatos verdadeiros, contados em um gibi criado por servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) do Piauí como parte das ações educativas do “Projeto Liberdade e Saúde – Animais Silvestres Livres: Pessoas Saudáveis”.
A inspiração para formatar a história das páginas coloridas e dramáticas do pequeno livreto partiu da pessoa que deu vida ao personagem Joãozinho, o médico veterinário e analista ambiental do Ibama/PI, Sandovaldo de Moura, 41 anos, que costumava se embrenhar no mato, depois de voltar da escola, armado com seu estilingue, para caçar bichinhos selvagens.
TRINCA TALENTOSA
Sandovaldo aprendeu a lição já depois de adulto, quando foi defender os animais da crueldade de caçadores e traficantes, como servidor do Ibama piauiense. Ao lado do colega Fabiano Pessoa, especialista em saúde pública e médico veterinário, responsável pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama de Teresina, decidiu que deveria fazer alguma coisa para mostrar às crianças a matemática destruidora gerada pelo tráfico de animais selvagens no Piauí,mercado fornecedor e rota do tráfico de animais.
As ações educativas começaram a tomar forma. Para facilitar o trabalho de criação, Sandovaldo convenceu o irmão, Sinvaldo, alguns anos mais novo, arquiteto e exímio desenhista, a fazer, também, concurso para o Ibama do Piauí. Dito e feito. O cabra passou, tomou posse e se integrou ao grupo, formando a trinca Sandovaldo, Sinvaldo e Fabiano.
A proposta era transformar alunos e professores de escolas públicas e privadas em protetores dos animais e multiplicadores de informações no combate ao comércio ilegal e bilionário de animais selvagens. Sandovaldo despontou como o artista do grupo, ao qual se juntaram outros servidores do órgão no Piauí, Francisco de Assis da Silva Araújo e Ana Helena Mendes Lustosa.
SÓ SUCESSOS
Para estimular e mobilizar os estudantes, além do gibi, de cartazes e palestras, eles resolveram criar músicas que falassem da dor e do sofrimento dos animais escravizados pelos traficantes e contrabandistas por egoísmo pela busca do lucro fácil. O hit Dá no pé, louro virou desenho animado e se transformou num dos maiores sucessos entre meninos e meninas piauienses de todas as idades.
Depois vieram outros êxitos, que também caíram no gosto da garotada, como as músicas animadas Liberdade!, Zoonoses e Tatu tu tá, entre vários outros sucessos. Até hoje ainda é assim: Sandovaldo escreve as letras, Messias Messina faz os arranjos musicais e divide o vocal com outros cantores voluntários, como Jefferson MC, Darlene Viana, Anne Holanda e Sabrina Alcântara. “Tentamos aprender música para tocar e cantar para as crianças, mas nosso talento não deu pra tanto”, conta Sandovaldo, rindo das próprias limitações.
Resultado desse trabalho de formiguinhas dedicadas: quatro mil professores do estado se transformaram em multiplicadores de informações no combate o tráfico de animais, maus-tratos e transmissão de doenças. Em oito anos, as informações do Projeto Liberdade e Saúde – Animais Silvestres Livres: Pessoas Saudáveis sobre a importância de se preservar os animais em seu habitat já alcançou mais de 30 mil pessoas em todo o estado do Piauí. Sucesso total.
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