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Agricultor mostra como sobreviver na seca

BOAS PRÁTICAS – 1//Iniciativa do Instituto Nacional do Semiárido mapeia estratégias de adaptação e mitigação desenvolvidas por pequenos produtores

Publicado: Sexta, 17 Julho 2015 18:00
Crédito: Divulgação/ASP-TA Josélia e Marcolino: derrotando a seca Josélia e Marcolino: derrotando a seca

Por: Marta Moraes – Editor: Marco Moreira

 

Josélia e o marido Carlos Marcolino de Melo moram na comunidade Furnas, no município de Areial (PB), e conhecem bem a realidade da região semiárida brasileira. Ao longo dos anos, a ocupação humana e a exploração dos recursos naturais vêm impactando as regiões secas do Brasil (zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas), provocando a degradação do solo, a perda da cobertura vegetal nativa e a redução da disponibilidade de água. A intensificação de tais processos levou crescentes frações dessas regiões à condição de áreas degradadas, o que pode levar ao fenômeno conhecido como desertificação.

Mas o casal vem conseguindo mudar o futuro da propriedade com o apoio do projeto Sistemas Agrícolas Familiares Resilientes a Eventos Ambientais Extremos no Contexto do Semiárido Brasileiro: Alternativas de Enfrentamento aos Processos de Desertificação e Mudanças Climáticas, realizado em parceria com o Instituto Nacional do Semiárido do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Insa/MCTI), com a Articulação do Semiárido Brasileiro (Rede ASA Brasil), com o apoio do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

BOAS PRÁTICAS

O Insa é o correspondente cientifico do Brasil e o MMA, o ponto focal técnico na Convenção das Nações Unidas para Combate à Desertificação (UNCCD). Essa iniciativa se insere na estratégia brasileira para implantação da Convenção por meio de boas práticas de convivência com o semiárido.

Para o diretor de Combate à Desertificação do MMA, Francisco Campello, a melhor estratégia para o combate à desertificação é a promoção de boas práticas que assegurem uma produção sustentável, a segurança alimentar, hídrica e energética, e conservem as paisagens e os serviços ambientais por meio de agroecossistemas que gerem renda para as famílias agricultoras.

INOVAÇÕES NA PROPRIEDADE

Josélia e Marcolino possuem uma área de oito hectares. O agroecossistema gerido pela família tem como principal característica a diversidade produtiva e o permanente processo de inovação, a fim de se ajustar às mudanças nas condições internas e externas. Para garantir a soberania hídrica e alimentar durante a seca, o casal possui na propriedade cinco tecnologias para armazenamento de água, que são: cisterna calçadão, de consumo, tanque de armazenamento de água, tanque de pedra e barreiro.

Essas tecnologias sociais têm garantido uma infraestrutura hídrica para captar e armazenar água de chuva para consumo humano e para a produção de hortifrutigranjeiros (provenientes de hortas e pomares) e derivados da pecuária durante o período de escassez. Os produtos são utilizados tanto para o autoconsumo, propiciando segurança alimentar para a família, e o excedente é direcionado para a venda gerando renda.

O PROJETO

Cerca de 90% dos estabelecimentos rurais agropecuários do semiárido brasileiro são ocupados pela agricultura familiar. Há dois anos, o projeto mapeia as estratégias empreendidas pelos agricultores e agricultoras de municípios dos nove Estados que integram o semiárido brasileiro para minimizar os efeitos das prolongadas estiagens.

O projeto, que foi premiado recentemente pelo Programa Dryland Champions, promovido pela UNCCD, acompanha 100 famílias que enfrentam a estiagem e os desafios da agricultura familiar por meio da criação e adequação de tecnologias sociais que captam e armazenam água da chuva e da mudança de hábitos, partindo do princípio de captação, estocagem, manejo e reuso dos recursos naturais que têm acesso. “Estamos contribuindo para aprimorar tecnologias já desenvolvidas pelos agricultores e agricultoras, assim como para difundir outras estratégias tecnológicas e de inovação de baixo custo e de fácil implantação que ainda não tiveram acesso”, afirmou o diretor do Insa, Ignacio Salcedo.

VIABILIDADE ECONÔMICA

Os pesquisadores do projeto realizam ainda a análise socioeconômica e ecológica dos agroecossistemas estudados, com foco na conquista da estabilidade e da autonomia pelas famílias para conviver com os longos períodos de estiagem.

Os resultados preliminares da pesquisa apontam que a implantação de tecnologias sociais nas propriedades rurais tem sido um dos fatores que promovem a resiliência social. O termo resiliência se refere à capacidade de as comunidades se recuperarem de eventos extremos, como é o caso das longas estiagens e escassez de recursos. Com o aumento e a estabilização dos níveis produtivos em anos normais de chuva, os agricultores apresentam maior capacidade de enfrentar os períodos prolongados de estiagem.

Segundo dados do Ministério da Integração, o Semiárido brasileiro abrange área de 969.589,4 km² e compreende 1.133 municípios de nove Estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Na região vivem 22 milhões de pessoas, que representam 11,8% da população brasileira, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o Semiárido mais populoso do planeta.

Colaborou: Catarina Buriti (Ascom/Insa)

Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA) - (61) 2028.1173

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