Por: Marta Moraes – Edição: Vicente Tardin
Valorização, mobilização, reconhecimento. Essas palavras nortearam os discursos de abertura da 1ª Oficina Nacional da Juventude Extrativista, que está sendo realizada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), hoje (16) e amanhã (17 de dezembro), em Brasília, em parceria com o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
A expectativa é que, a partir do encontro, sejam construídas uma rede de jovens extrativistas e uma agenda de mobilização e de reivindicação de assuntos específicos dessa juventude. Participam do encontro 17 jovens extrativistas das regiões Norte e Nordeste do Brasil (representantes dos estados do Amazonas, Acre, Pará, Tocantins, Roraima, Rondônia, Amapá e Maranhão) e cinco representantes da direção nacional do conselho, além de convidados do governo federal.
Segundo Dione Torquato, secretário nacional de Juventude do CNS, é preciso uma integração além da juventude. “Precisamos nos mobilizar para aumentar o diálogo entre os extrativistas, mas também com outros segmentos e com o governo. Nossa principal luta é em defesa da terra, e por mais educação, saúde, trabalho e valorização para o povo extrativista. Queremos ter uma vida digna como os demais”.
Para Renata Nasser, da Coordenação-Geral de Políticas Setoriais da Secretaria Nacional de Juventude, é importante que os jovens se reconheçam e se autoafirmem em espaços criados para eles, como a oficina promovida pelo MMA.
COMUNIDADES
Já João Arnaldo Novaes, diretor de Ações Socioambientais do ICMBio, afirmou que o fortalecimento da juventude extrativista acontece juntamente com o fortalecimento do extrativismo. “Essa oficina é o primeiro passo para a organização e mobilização dos jovens extrativistas. A responsabilidade é coletiva e temos que ter em mente que esse trabalho vai além, passa pelo meio ambiente, os movimentos sociais, as comunidades”.
Os irmãos Deiverson e Denise Ferreira, de 24 e 25 anos, representantes da Comunidade de Samaúma (em Roraima), contam que o local possuía antes mais de 100 famílias, mas agora são apenas três. “Nossa comunidade é carente de recursos, de políticas públicas, de assistência, de saúde, de escola. Quase não existem mais jovens lá. Mas como nas férias todos retornam, queremos aproveitar esse momento para transmitir a todos o que ouvimos aqui, envolvendo-os na rede de jovens extrativistas”, explicou Deiverson.
A cidade mais próxima, Novo Airão, fica a dois dias de barco. Mas os dois jovens acreditam que, apesar das dificuldades, é papel deles buscar melhorias para a comunidade. “Nossa expectativa é levar conhecimento e melhoria de vida para todos. Meu avô foi o primeiro morador de lá, e temos que reconhecer o esforço e a luta dele e de outras lideranças extrativistas para nos mobilizarmos não apenas por nós, jovens, mas por toda a comunidade”, afirmou Denise.
A coordenadora da Juventude do MMA, Marccella Berte, destacou que a pauta de mobilização e valorização não termina na oficina. “Além de conhecer a história de vida junto às lideranças mais velhas do CNS, os jovens poderão sair daqui com muitos subsídios para construir e fortalecer uma rede de jovens extrativistas”, concluiu.
AGENDA
A programação da oficina, que segue até amanhã, inclui também uma rodada de conversas sobre o dia a dia das comunidades e como se dará a participação desses jovens nos conselhos e na gestão participativa das Unidades de Conservação de uso Sustentável, visando uma maior participação na construção de políticas públicas.
O evento é uma iniciativa da Coordenação de Juventude da Diretoria de Cidadania e de Responsabilidade Socioambiental e da Diretoria de Extrativismo da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA.
Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA) - Telefone: 61.2028 1227
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