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Ibama conclui mapeamento das ecorregiões brasileiras

Publicado: Quinta, 16 Janeiro 2003 22:00 Última modificação: Quinta, 16 Janeiro 2003 22:00

O Ibama acaba de concluir um trabalho inédito - o mapeamento dos sete biomas brasileiros em 78 ecorregiões - unidade básica para o planejamento das prioridades de conservação da biodiversidade nacional, e que coloca o Brasil na vanguarda da proteção de seus ecossistemas junto com os países de dimensão continental como EUA, Canadá e Austrália. O mapeamento mostra, pela primeira vez, que o país também tem uma extraordinária riqueza de paisagens até então desconhecidas. As ecorregiões estão assim distribuídas: Amazônia (23); Cerrado (22); Mata Atlântica (09); Costeiro (09), Caatinga (08); Pantanal (02); e, Campos Sulinos (01).

O "Estudo de Representatividade Ecológica nos Biomas Brasileiros" levou três anos para ser concluído. Liderado pelo biólogo Moacir Bueno Arruda, coordenador de Ecossistemas do Ibama, o trabalho foi realizado em parceria com as universidades de Brasília/DF e de Uberlândia/MG, Ibge, e as Ongs WWF e TNC. O mapeamento das ecorregiões ecológicas - unidades com características físicas e biológicas semelhantes permitirão ao Ibama definir as ações mais adequadas para o manejo de seu patrimônio natural. É muito pior a representatividade das UCs estaduais. Elas protegem apenas 0,74 por cento do território nacional.

Esse estudo era o que faltava para mostrar como o Brasil deverá proteger os dez por cento de seu território com unidades de conservação de proteção integral - meta internacional estabelecida em 1998. Hoje existem 118 UCs que protegem apenas 2,74 por cento do país de forma desigual e desequilibrada. O Cerrado, por exemplo, embora cubra um quarto do Brasil e possua biodiversidade única no planeta, tem apenas 1,71 por cento de sua área protegidas por vinte unidades de conservação. A mesma distorção se reproduz na escala de ecorregiões. A da Serra da Canastra/divisa MG-ES tem 15,39 por cento de sua área protegidas por UCs, enquanto outras ecorregiões estão completamente desprotegidas.

Moacir Arruda sustenta que o mapeamento do país em ecorregiões é de extrema importância porque redefiniu com exatidão os limites dos biomas e dos ecótonos - zonas de transição entre um ou mais biomas, com imensa riqueza biológica - passando a representar a melhor unidade espacial de planejamento do país para a conservação e o manejo sustentável da biodiversidade. "Desenvolver uma metodologia sistemática que permita avaliar e quantificar a representatividade dos ambientes é um passo decisivo na identificação das lacunas do sistema de unidades de conservação e no estabelecimento de bases consistentes para sua ampliação", sustenta o coordenador de Ecossistemas do Ibama.

Ele alerta que o estudo sinaliza, pela primeira vez, os desequilíbrios na distribuição das unidades de conservação entre os biomas e aponta as lacunas que deverão ser preenchidas com base na inédita definição do território nacional em ecorregiões. O estudo também mostra a importância do cruzamento das ecorregiões com as áreas que sofrem maior pressão de degradação, as quais deverão ser escolhidas como prioritárias para a criação de novas áreas protegidas.

O coordenador de Ecossistemas reconhece que esse percentual torna o Brasil um dos países com o menor índice de área protegida em relação à média mundial de 6 por cento. Os biomas mais apoiados por unidades de conservação de proteção integral, são: Costeiro (embora com apenas 16 UCs tem a maior área protegida - 6,31 por cento) e, Amazônia (as 30 UCs protegem 4,83 por cento de sua área total). O terceiro mais protegido é o Cerrado, com 20 UCs que, no entanto, cobrem apenas 1,71 por cento de sua área total. Apesar de possuir o maior número de UCs (36), a Mata Atlântica só tem protegido 0,72 por cento de suas florestas. A Caatinga só tem só 0,69 por cento de suas paisagens únicas no mundo protegidos por 12 UCs. O Pantanal - a maior área úmida do planeta e patrimônio natural mundial, só está protegido por 02 UCs que cobrem apenas 0,57 por cento de sua área total.

O mapeamento mostrou que está desequilibrada a representantividade dos biomas e dos ecótonos - zonas de transição entre um ou mais biomas, de grande riqueza biológica - por unidades de conservação de proteção integral. Biomas: Costeiro (6,31%); Amazônia (4,83%); Cerrado (1,71%); Mata Atlântica (0,72%); Caatinga (0,69%); Pantanal (0,57%); e, Campos Sulinos (0,30%). A representatividade nos três ecótonos, é: Cerrado-Caatinga (3.33%); Caatinga-Amazônia (0,05%); e, Cerrado-Amazônia (0,01%).

O estudo também definiu com precisão os ecótonos, que reunem características de diversos biomas e identidades próprias passando a merecer atenção especial de conservação. O ecótono Cerrado-Amazônia, por exemplo, abrange 4.85% do país, sendo maior que os biomas Campos Sulinos e Costeiro. Com cerca de 60 por cento de sua área desmatada, esse ecótono está localizado quase totalmente dentro do arco do desmatamento da Amazônia, nele sendo encontrada a maior concentração de matas secas do país. O ecótono Caatinga-Amazônia abrange 1,7 por cento do país; e o ecótono Cerrado-Caatinga abrange 1,3 por cento do território nacional.

ECORREGIÕES - a principal vantagem para o uso das ecorregiões como unidade biogeográfica é por possuir limites naturais bem definidos, ao contrário de outras divisões biogeográficas alternativas baseadas nas distribuições de espécies de alguns grupos de organismos cujos limites ainda não são bem conhecidos.

Os principais critérios adotados para definir os limites das 78 ecorregiões do país foram abióticos ( regiões interfluviais, altitude, relevo, solo, geologia, precipitação, ciclo de inundação, efeitos das marés); e, bióticos (fitogeográficos e zoogeográficos, a eles associados grupos conhecidos de mamíferos, aves, anfíbios, répteis, e de borboletas).

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