"Não implementamos de maneira adequada os compromissos assumidos na Rio 92. Se tivéssemos tomado essas medidas na mesma velocidade em que acontecem a degradação do meio ambiente e o avanço da pobreza, não estaríamos na situação em que estamos", frisou. Carvalho destacou que o combate à pobreza deve ser discutido com base nos preceitos de desenvolvimento sustentável e não como um problema exclusivo dos países pobres e que poderia ser resolvido com base em ações de filantropia internacional. "Os países emergentes e os em desenvolvimento não querem estender a mão à caridade internacional", afirmou o ministro.
O ministro criticou a política de subsídios agrícola adotada pela Europa e pelos Estados Unidos. Em sua opinião, isso irá promover redução de preço de commodities dos países da América Latina. O ministro afirmou que os subsídios concedidos pelos países ricos, da ordem de US$ 300 bilhões, causarão prejuízos para os países em desenvolvimento. Segundo ele, o Brasil poderá ter US$ 2 bilhões de prejuízo com a redução da exportação de soja e milho, o equivalente a oito vezes o que é aplicado pelos países do G-7 no Programa Piloto de Proteção às Florestas Tropicais do Brasil (PPG-7), estimado em US$ 250 milhões.
"Não podemos operar com este alto grau de incoerência das economias centrais que, ao mesmo tempo em que pregam o combate à pobreza, causam prejuízos às economias dos países emergentes", disse. Carvalho enfatizou que o combate à pobreza deve ser conciliado com o desenvolvimento sustentável. "Queremos combater a pobreza num contexto de sustentabilidade, através de programas que proponham mudanças na ordem econômica mundial", prosseguiu.
O encontro, que acontece no Memorial da América Latina, conta com a presença de 23 ministros de Meio Ambiente e representantes de outros 12 países. É a última reunião do fórum antes da Rio+10. O principal objetivo do encontro é aumentar o poder de barganha da região, levando uma posição conjunta. José Carlos Carvalho disse que a América Latina e o Caribe vão chegar à África do Sul com a autoridade de quem detém dois terços das florestas tropicais ainda remanescentes, o maior volume de água doce do mundo, a maior biodiversidade do planeta e a maior parte dos países megadiversos.
"Estes três ativos ambientais dão ao nosso continente a força necessária para brigar nos foruns internacionais pelo combate à pobreza através do desenvolvimento sustentável", ressaltou.
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