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Histórico de Coletivos Educadores

A idéia e a concepção da proposta de Coletivos Educadores é fruto de alguns fatores imbricados e relacionados à história da EA brasileira e ao processo da gestão do DEA/MMA desenvolvido em 2003 - 2008

   

a) A experiência da RUPEA

A Rede Universitária de Programas de Educação Ambiental (RUPEA) surgiu do desafio da formação de educadores e educadoras ambientais. Há, nas universidades brasileiras, um grande número de iniciativas no campo da formação de educadores/as ambientais, entretanto, cada universidade isoladamente carece de recursos, de espaços institucionais, de quantidade de profissionais engajados na área. Três Universidades (UESB-Universidade Estadual do Sudoeste Baiano, UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana e USP- Universidade de São Paulo), em 1999, começaram a se articular para que cada uma delas pudesse, partilhando recursos, profissionais e materiais, realizar um programa mais consistente de formação de educadores/as ambientais. Esta iniciativa, que se provou extremamente frutífera para todas as envolvidas deu origem à RUPEA que hoje articula mais de 12 universidades que têm partilhado e desenvolvido projetos em comum.

No diálogo destas universidades foram se construindo parâmetros e estratégias para a formação de educadores e educadoras ambientais que se tornaram base para o ProFEA, como Comunidades de Aprendizagem, Intervenção Educacional e Cardápio de Aprendizagem.

    

b) O ProFEA

Pautado nos princípios contidos na PNEA e no ProNEA, o Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (DEA/MMA) elaborou este Programa Nacional de Formação de Educadoras(es) Ambientais (ProFEA) com a pretensão de qualificar as políticas públicas federais de Educação Ambiental para que estas exijam menos intervenções diretas e mais apoio supletivo às reflexões e ações autogeridas regionalmente, no sentido de desenvolver uma dinâmica nacional contínua e sustentável de processos de formação de educadores/as ambientais a partir de diferentes contextos. Para isso propomos um conjunto de procedimentos entendidos didaticamente em 4 Processos Educacionais, 3 Eixos metodológicos e 3 Modalidades de Ensino, que chamamos metaforicamente de estratégia 4-3-3. O objetivo de promover uma continuidade autogerida, perene e sustentável foi, pouco a pouco, sugerindo a necessidade de Coletivos Educadores. Assim, esta dinâmica articulada, autônoma e interdependente tem como orientação, ou por utopia, a formação de 180 milhões de brasileiros/as educados/as e educando ambientalmente e tem na formação de Coletivos Educadores uma das suas estratégias essenciais de implementação.

Os 4 Processos Educacionais são: a Formação de Educadoras/es Ambientais; a Educomunicação Socioambiental; a Educação através da escola e de outros espaços e Estruturas Educadoras; e a Educação em Foros e Colegiados. Os 3 Eixos Pedagógicos são: i) O acesso a conteúdos e processos formadores através de Cardápios; ii) A constituição e participação em Comunidades Interpretativas e de Aprendizagem; e iii) A elaboração, implementação e avaliação de Intervenções Educacionais como Práxis Pedagógica. As 3 modalidades de Ensino/Aprendizagem são: 1) Educação Presencial; 2) Educação à Distância; e 3) Educação Difusa .

   

c) A proposta de ação em um território

Na história da educação popular e da educação ambiental brasileira sempre foi apontada a necessidade da contextualização, do processo educacional ser referido à realidade vivida, à história, ao ambiente. Somado a isso, temos, nos últimos anos, uma forte emergência do conceito de território, nas políticas públicas e nos movimentos sociais ou socioterritoriais como sugere Bernardo Mançano (1). Setores como recursos hídricos, desenvolvimento agrário, segurança alimentar, áreas protegidas, desenvolvimento social, entre outros, têm organizado suas políticas e sua interlocução com a sociedade em recortes territoriais. A área de educação ambiental, além de reforçar o princípio da contextualização, reforça, por meio da territorialização, a aproximação com muitos destes setores que vêm atuando desta forma. O recorte do território para a EA não obedece a regras rígidas, mas acolhe, entre as territorialidades em disputa, aquela definida, em dado momento, pelos atores.

    

d) O desafio da permanência e continuidade

Os recursos públicos federais para educação ambiental são restritos e só podem ser pensados como subsidiários à articulação de recursos dos territórios. A execução de políticas em territórios, além de fortalecer a contextualização é uma maneira de fazer, destes poucos recursos, um dinamizador oportuno das instituições do Coletivo. A carência de recursos financeiros e humanos é muito presente em grande parte das ações de EA. Quando os  recursos destinados por instituições governamentais, não-governamentais e privadas se esgotam, existe uma tentência dos projetos finalizarem, não assegurando a sua continuidade. Portanto, ao estimularmos que   um programa de educação ambiental seja alimentado por diferentes formas de recursos (humanos, financeiros, estruturas, materiais) advindos de diferentes instituições, sua continuidade fica fortalecida.

 

e) A ação junto à população pelo Educador Ambiental Popular

A questão ambiental sob a perspectiva popular não é uma questão pós-materialista, das elites que tendo resolvido suas necessidades podem se dedicar a causas mais amenas e politicamente corretas. Na perspectiva popular a educação ambiental refere-se à autonomia das populações sobre seu ambiente e sua vida, à justiça ambiental, à busca por melhor qualidade ambiental e de vida por parte de todos e para todos. A estratégia e o objetivo propostos na idéia de Coletivos são a formação e articulação de grupos permanentes, junto à base da população, animados pelos educadores/as ambientais populares e denominados Comunidades de Aprendizagem para a Qualidade Ambiental e de Vida. Formar Educadores/as Ambientais Populares atuando em todo o território, formando e animando COM-VIDAs junto aos mais diferentes grupos sociais requer diferentes competências, adequadas aos mais diversos públicos, encontrável tão somente em um conjunto de instituições.

Estes fatores, listados acima, foram mais que motivos para pensar na proposta de Coletivos Educadores, foram elementos que delinearam a proposta como um todo.

    f) Edital FNMA 05/2005 "Coletivos Educadores para Territórios Sustentáveis"

 

    g) Chamada Pública MMA nº 01/2006 "Mapeamento de potenciais Coletivos Educadores para Territórios Sustentáveis"

 

(1) Fernandes, Bernardo Mançano. Questão agraria, pesquisa e MST / Bernardo Mançano Fernandes.  São Paulo : Cortez Editora, 2001. 120 p.. (Questoes da nossa epoca ; v. 92)

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