Rafaela Ribeiro
A falta de água potável no sertão nordestino está deixando de ser um problema sem solução. O Programa Água Doce - Água para Todos, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em parceria com instituições federais, estaduais, municipais e sociedade civil, estabele uma política pública permanente de acesso à água de boa qualidade para consumo humano.
A Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do MMA promove, até esta quarta-feira (09/05), uma oficina de planejamento do Programa Água Doce, com a finalidade de compartilhar informações e estratégias relacionadas à execução dos convênios, planejar as ações de modo a efetivar e potencializar os objetivos, além de integrar as equipes e parceiros envolvidos.
ESCASSA E IRREGULAR
A região do semiárido brasileiro ocupa 10% do território nacional e abriga população de 21 milhões de pessoas. Na maior parte do ano falta água, já que a ocorrência de chuvas é escassa e irregular. A água subterrânea, extraída de poços, é imprópria para consumo devido ao alto teor de sal.
Proporcionar a essa população água boa para beber, tomar banho, irrigar plantas, criar peixes e alimentar animais virou realidade com a implantação da tecnologia que transforma água salobra em potável e reaproveita os resíduos do processo. A técnica ajuda a preservar o meio ambiente e gerar renda para os agricultores.
Para melhorar a situação de falta de água potável no sertão do nordeste, ao longo dos anos foram instaladas nas comunidades rurais máquinas dessalinizadoras para tratar a água salgada e torná-la potável. Mas o que era para ser uma solução virou outro problema. Além da dificuldade de manutenção dos equipamentos, os dessalinizadores geram um concentrado salino ao fazerem o tratamento da água. O resíduo, ao cair no solo, torna a terra improdutiva e contamina o lençol freático.
SISTEMA COMPLEMENTAR
Para eliminar o problema, a Embrapa Semiárido desenvolveu um sistema complementar ao processo de dessalinização tradicional, que reaproveita os rejeitos e cria um ciclo de produção criativo e sustentável. A tecnologia consiste na retirada da água do poço e o tratamento através do processo de dessanilização. Uma porcentagem do volume extraído é transformado em água potável e o restante permanece com sal e recebe resíduos do processo de dessalinização.
Esse material é usado para abastecer tanques onde são criados peixes da espécie tilápia rosa. A água desses criadouros, que contém restos de ração e excremento de peixe, também pode ser reaproveitada para o cultivo de "erva-sal", planta que serve para a alimentação de caprinos e ovinos. O projeto piloto desta técnica inédita foi desenvolvido em 2003 na comunidade de Atalho, a 70 km de Petrolina (PE). Ele serviu de referência para integrar o Programa Água Doce.
Desde 2004, oito unidades demonstrativas (como são conhecidos os sistemas produtivos com reaproveitamento do rejeito) foram instaladas em seis estados - Rio Grande do Norte, Alagoas, Paraíba, Piauí, Ceará, e Bahia. O Programa Água Doce prevê, além do sistema de produção integrado, o processo tradicional de dessalinização, a sustentabilidade ambiental e a mobilização social com o objetivo de fornecer água de qualidade para a população.A iniciativa oferece um mecanismo de funcionamento simples e eficiente, além de cadeia produtiva que começa com a dessalinização da água salobra, permitindo o consumo humano.
Redes Sociais