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Amazônia: preservar e desenvolver

Em artigo publicado na imprensa, ministro defende conservação aliada ao desenvolvimento da região como forma de superar a desigualdade social
Publicado: Quarta, 11 Setembro 2019 17:31 Última modificação: Quarta, 11 Setembro 2019 18:34
Crédito: Jefferson Rudy Amazônia: preservar e desenvolver
Brasília – O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, defendeu a preservação da Floresta Amazônica com investimentos para desenvolver a região, como caminho para a superação da desigualdade social.

O ponto de vista está em artigo publicado na página de Opinião do jornal Folha de São Paulo, na edição de domingo passado (8 de setembro), com o título "Amazônia: preservar e desenvolver".

"Estar a favor do desenvolvimento da região é defender a segurança jurídica, é trabalhar pela regularização fundiária, é fazer o zoneamento econômico ecológico e, finalmente, viabilizar a bioeconomia", explica Ricardo Salles.

Segundo ele, durante muito tempo se defendeu que a floresta em pé vale muito mais do que deitada. "Todos concordamos com isso. Porém, para que esse discurso se concretize, é preciso gerar valor efetivo à biodiversidade: investimentos privados, patentes, pesquisa e desenvolvimento, cadeias produtivas e tudo mais que faça com que valha a pena preservar", afirma o ministro do Meio Ambiente.

O artigo pode ser lido diretamente no site da Folha (para assinantes) ou, na reprodução integral, abaixo.
 
Amazônia: preservar e desenvolver

Ricardo Salles*

A defesa da floresta amazônica deve nos unir em torno do desenvolvimento sustentável para a região. O desafio é preservar e ao mesmo tempo desenvolver para melhorar a vida das pessoas.

Defender toda aquela imensa área deve ser um objetivo permanente de todo brasileiro e está muito acima das diferenças políticas, que são transitórias. Esse debate tem que ser tratado com seriedade e profundidade, o que não aconteceu até hoje.

A Amazônia é uma joia preciosa a ser desenvolvida com sustentabilidade, não apenas por ser bonita de se ver, mas porque lá moram mais de 20 milhões de brasileiros. Uma região muito rica, com um povo muito pobre. O pior IDH do Brasil.

O que necessitamos para corrigir essa divida histórica com a desigualdade é conservar e investir para desenvolver, com geração de emprego e renda. Este caminho exige responsabilidade e combate às ilegalidades. Afinal, este é o governo da tolerância zero com a criminalidade, inclusive na área ambiental.

Estar a favor do desenvolvimento da região é defender a segurança jurídica, é trabalhar pela regularização fundiária, é fazer o zoneamento econômico ecológico e, finalmente, viabilizar a bioeconomia.

Durante muito tempo se defendeu que a floresta em pé vale muito mais do que deitada. Todos concordamos com isso. Porém, para que esse discurso se concretize, é preciso gerar valor efetivo à biodiversidade: investimentos privados, patentes, pesquisa e desenvolvimento, cadeias produtivas e tudo mais que faça com que valha a pena preservar.

Em outras palavras, a defesa do meio ambiente pressupõe o desenvolvimento econômico sustentável. Não há nada pior para o meio ambiente do que a pobreza e a ausência de recursos para preservar.

Mesmo para o agronegócio, a floresta em pé tem muito valor. Afinal, não é apenas a extensão de terra que faz do Brasil uma grande potência do agronegócio. São também as boas práticas e as boas condições climáticas que fazem do nosso país um grande fornecedor de alimentos para o mundo. A regulação do clima, o regime de chuvas e vários outros fatores essenciais ao agro dependem de um meio ambiente equilibrado, e este, por sua vez, no Brasil, depende da floresta amazônica.

Além dos mais de 60% de vegetação nativa preservada nos diversos biomas brasileiros, 84% da Amazônia intocados e um código florestal exemplar para o mundo, o Brasil ostenta conquistas históricas que muitos detratores parecem não enxergar.

Do Acordo de Paris, na meta para 2030, o Brasil tem 45% de fontes renováveis em sua matriz energética, enquanto a média mundial é de apenas 14%. Já entre os membros da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), então, o percentual é ainda menor, de apenas 10%. Da mesma forma, estamos cumprindo as metas de redução de emissões e todos os demais compromissos assumidos para ajudar o Brasil e o mundo a enfrentarem os desafios climáticos.

Isso faz parte de um esforço que já se incorporou à consciência nacional em favor do meio ambiente.

Os programas ambientais estão em pleno andamento. Seguimos todos os compromissos assumidos nos fóruns internacionais e estamos indo bem por nosso próprio mérito.

Temos consciência da gravidade do desmatamento ilegal e das queimadas na Amazônia, tema que precisa ser tratado com serenidade e compromisso, com perspectiva histórica e séria reflexão acerca das suas causas e origens.

Temos agido com rigor. Decretamos uma inédita operação de garantia da lei e da ordem ambiental, mobilizando mais de 4.000 homens e diversas aeronaves. Um forte aparato contra as queimadas e os ilícitos ambientais. Multas aplicadas, processos abertos e prisões realizadas.

Em meio a tudo isso, buscamos reestruturar a gestão do meio ambiente. Fomos eleitos para desmontar o aparelhamento ideológico. É o que está sendo feito, e isso é fundamental para seguirmos cuidando do meio ambiente de maneira eficiente e bem-sucedida.

* Ricardo Salles  é ministro do Meio Ambiente e ex-secretário estadual de Meio Ambiente de São Paulo (2016-17, gestão Alckmin)
 
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